domingo, 26 de outubro de 2014

POESIA: Branco

Da manhã até o início da tarde,
Um dia normal para mim.
Da manhã até o início da tarde,
Tarefas rasgadas ou cumpridas sem fim.

O dia começa mesmo, após o sexto estridente soar de sirene.
Apagar triste das luzes, portas fechadas e portões abraçados por correntes.
Ao passar pela cancela um acenar de despedida que na rotina já é perene.
Acelerar com os vidros abertos para que o vento arraste o que não me deixa contente.

Ao dobrar a esquina adjacente à descida, aprumo em relação às casas conhecidas.
Agora separado por metros do momento que ascende minha alma.
Tocado o botão do controle que abre o portão, vislumbro a cena que deixa a saudade vencida.
Olhos vidrados e corpo branquinho, está amparado pelas mãos protetoras que dão-lhe alguma calma.

Sorri convencido de que chegou o herói.
Por dentro efusivo estou, mal sabe o pequenino, que quem salva-me é ele.
Salva das feridas do dia, também do mal que corrói.
Silenciar do motor quente, menino rompe a mão protetora como quem destrói corrente.

Vem Branco, venha de encontro a mim,
Venha Branco venha, traga seu toque suave de acalanto.
Se és assim alvo, claro e branco como marfim,
É para lembrar da paz. Esta que se completa ao ouvir sua voz de cumprimento que parece um canto.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
26.10.14
14:10h