Em dia quase frio,
Onde quase chove...
Espero, de um jeito tardio,
Que algo dentro de mim, se renove.
Fosse eu, rico...
Pegaria, romântico, uma xícara de café.
Sentaria em uma poltrona reconfortante,
E em um apropriado apoio, repousaria os pés.
Fosse eu, decidido...
Debruçaria mente e olhos atrás da lente,
Em uma tela acesa e branca,
Pronta para receber uma história latente.
Mas rico, não sou...
E talvez, ao invés do café, um refrigerante...
Que de gelado, faz suar o copo: Liso, em tons de azul...
Desce líquido pela goela um sentimento frio, mas reconfortante.
Decidido, já fui...
Hoje, acomodado, como velha coisa deixada...
Repousada em um canto inerte, por preguiça de jogá-la...
Ou até por pensar, que nela, algo ainda valha.
Atravesso minutos, horas e dias.
A mente, preencho de coisas vazias,
Fico cheio de quinquilharia...
E a semântica das coisas, já não faz mais companhia.
Embora tudo isso,
Pena de mim, não tenho... Ao menos isso!
Pois pena é sentimento desnudo, vulnerável, como seu dono...
Aguardando escudo, que lhe garanta continuar sendo submisso.
De lado, um sonho já desconfigurado...
Uma vontade que acena tímida, mas sem alarde.
Diante dos olhos, uma nova realidade,
Que exceto por três pilares não vai à ruína, e sustenta um covarde.
Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
02.05.2017
08:47h.