segunda-feira, 13 de julho de 2015

POESIA: A Batalha de 48 horas!

Não tenho certeza sobre quase nada.
Pouco do que há, nesta imensidão de coisas, ainda me seduz.
De certo mesmo, o que antes me cegava com seu brilho,
Hoje, nem com mil holofotes apontados, refletiria alguma luz.

Desejo certo, incólume, sem interferências de algo ou alguém?
Se quer algum!
E parafraseando o povo, que às vezes fala sem pensar:
"Melhor na mão um pássaro, do que nenhum."

Mas o que eu faria com um pássaro em minhas mãos?
Daria a ele a sensação do que é ser preso, apegado e infeliz?
Teria eu, que já não sei direito o que é liberdade, ensinar seu significado?
Melhor seria, beber da água de uma fonte, do que usá-la como chafariz.

Neste momento de reflexão, quase tudo invade minha mente,
Se tudo o que quero, agora no auge do desespero, é uma mochila e um caminho.
É tanto o que penso e pondero, que quase sobra pra cima da cabeça.
Não, quero é coragem! Terminar algumas coisas, calejar os pés que pisarão outros espinhos.

Ainda penso, no pequeno e na moça-mulher.
Os dois em casa, cada um com seus sonhos e desejos.
Eu com vontade de por os pés lá fora
E deixar que o sol ou o vento batam em minha face, como beijos.

***

Dias atrás, travei uma batalha.
Quarenta e oito horas de intenso prélio. O inimigo, habitava em mim.
Eu também visitei-me. Não me assustava com o lugar escolhido para a luta.
Achei que conhecia bem cada ponto de espreita. Jamais imaginaria ser uma terra sem fim.

Os demônios, que eram inimigos, me abraçaram, convidando-me para um passeio.
Diziam que eu deveria ir. Lá, encontraria respostas que tanto anseio.
Do alto de um penhasco, fui posto pelo inimigo, lá embaixo um mar negro e calmo.
Pular, pule! Era o que incentivavam, parecia sem solução, se não um fim, por este meio.

Mas em um lampejo, um momento ergui a cabeça,
Havia tanto construído naquele lugar.
Tudo deixou de ser estranho e ganhou conforto, breve, mas intenso.
Senti por um ínfimo tempo o aconchego do meu lar.

Naquele momento, sabia que poderia saltar, mas deixaria para trás algo por fazer.
Se neste mundo pus os pés e um dom fora me dado, preciso fazê-lo resplandecer.
Tirei os braços dos demônios de meus ombros e olhando para cada um, desafiei-os.
Pronto! Iriam de fato me conhecer. O grito que dei a eles, foi um tipo de: Muito prazer!

Todos perderam o ar e de amigáveis transformaram-se em feras horríveis,
Eu preferia assim, gosto mais quando o inimigo mostra logo sua cara...
Melhor do que quando escondem-se atrás do que não são.
Agora poderia empunhar minhas adagas, com uma força, que parecia rara.

Mesmo cheio de coragem e vontade de travar o embate corpo a corpo,
Fui golpeado a traição, me apresentaram à face todos os meus medos.
Senti que iria cair, somente então foi possível perceber Quem me mantinha em pé.
Não mostra o rosto, mas se Ele apertasse um demônio, poeira escorregariam por seus dedos.

Continuei abatido, percebendo que nada eu era e ainda não sou...
Essa batalha tão grande não era mais somente minha. Como fui ignorante.
Todos os demônios fugiram um a um e aquele lugar, jazia, não vazio,
Mas espaçoso e revigorante.

Tinha de novo o comando de minha vida?
Quando foi que o perdi?
Parece que aprendi algumas coisas e uma delas foi que,
Melhor chorar na hora certa, para aprender em que hora devemos rir.

Eu sabia e sei Quem me sustentou nas quarenta e oito horas.
Ele que quebra demônios, com cara de bonzinhos ou com jeito rude.
Muitos de vocês que leem meu poema, também sabem.
Pena que na hora não fiz reverência, não houve tempo, não pude!

Mas aqui fica meu agradecimento.
Sei que nadei por dias em rio que não dava pé...
E quando meus braços e pernas se cansaram,
Fui salvo, pondo a prova a palavra Fé.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
13.07.2015
18:28h

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, seja bem vindo (a)... Obrigado por acessar o Blog. Sinta-se livre para comentar, criticar ou perguntar o que quiser.