sexta-feira, 15 de julho de 2016

POESIA: Do Medo e Das Penas. Natureza grande, para Vidas Pequenas

De arredar o pé,
Que se vê o cabra corrê,
Quando no meio da noite se escuta,
Embrenhado na mata, de dentro da gruta.

Um rugido assombroso,
Que seca a garganta dos moço.
Deixa na boca um gosto de medo,
E faz o homem mais frouxo confessar seus segredos.

De testar a fé do cristão,
Que diz ser, dos boiadeiros o mais bão.
Levantador de poeira nas patas do cavalo,
Laçador primoroso de gado.

O primeiro rugido é aviso,
O segundo costuma-se ouvir mais comprido.
Se na mão estiver a espingarda,
O distinto se prepara, se benze e se resguarda.

Se ouvisse o instinto, corria.
Mas cumprir o destino com a proteção de Virgem Maria,
É o que resta ao cuidador das cria.
Por isso, lambe os beiço e se faz de forte, enquanto se arrepia.

Do outro lado,
Natureza pura e sem pecado.
Onça parda perto do riacho
Com os filhotes, uma fêmea e outro macho.

Tão só matando a sede e querendo sossego.
Depois de engolir a água, olham para a gruta e voltam pra dentro.
A mãe onça deixa os filhotes sumirem na sombra e olha pra mim.
Sabe que sou ameaça, por isso deita na passagem, sobre o capim.

Eu não ouso olhar nos zóio dela,
Só de pensar nisso minha espinha gela.
E pra evitar confronto, saio de fininho,
Andando de frente e olhando a onça, que de longe parece só um gatinho.

Na rotina de peão,
Que guarda as cria do patrão,
Um encontro desses é morte certeira,
Mas hoje tudo foi tranquilo, quase uma brincadeira.

Que Deus nos guarde sem fim
Guarde eu e as crias das onça e guarde as onça de mim.
Mas é certo que inté outro dia nóis vai se ver,
Da até dó saber como as coisa são dura, e faz doer.

No próximo encontro entre nóis,
Provavelmente, um vai ser do outro, o algoz.
Vamos lutar cada quar com suas arma e armadura,
Sabendo que a vida, de beleza é cheia, mas também é dura.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
15.07.2016
14:14h.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

POESIA: O CAMINHO E SUAS MUDANÇAS

Acenda os faróis da sua vida,
Para que o vejam passando pela pista.

Entenda, que não se trata de uma corrida,
Mas de um passeio com diversas vistas.

Permita-se olhar para outras vidas,
Passando por você na faixa contrária da mesma pista.

O mesmo caminho que te leva embora,
Também o trará quando for a hora.

Na volta, conhecemos o caminho, isso é fato!
No entanto, quando voltarmos, podem existir novos buracos.

Não importa quantas vezes vamos e voltamos,
Sempre haverá alguma diferença na estrada que andamos.

Cabe a nós andarmos lentos,
E apreciarmos as diferenças adquiridas pela rota, com o passar do tempo.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
11.07.2016
10:06h.

- Photo By: Daniela B. Francisco (Minha esposa) - Poços de Caldas / MG - Janeiro / 2012. -