De arredar o pé,
Que se vê o cabra corrê,
Quando no meio da noite se escuta,
Embrenhado na mata, de dentro da gruta.
Um rugido assombroso,
Que seca a garganta dos moço.
Deixa na boca um gosto de medo,
E faz o homem mais frouxo confessar seus segredos.
De testar a fé do cristão,
Que diz ser, dos boiadeiros o mais bão.
Levantador de poeira nas patas do cavalo,
Laçador primoroso de gado.
O primeiro rugido é aviso,
O segundo costuma-se ouvir mais comprido.
Se na mão estiver a espingarda,
O distinto se prepara, se benze e se resguarda.
Se ouvisse o instinto, corria.
Mas cumprir o destino com a proteção de Virgem Maria,
É o que resta ao cuidador das cria.
Por isso, lambe os beiço e se faz de forte, enquanto se arrepia.
Do outro lado,
Natureza pura e sem pecado.
Onça parda perto do riacho
Com os filhotes, uma fêmea e outro macho.
Tão só matando a sede e querendo sossego.
Depois de engolir a água, olham para a gruta e voltam pra dentro.
A mãe onça deixa os filhotes sumirem na sombra e olha pra mim.
Sabe que sou ameaça, por isso deita na passagem, sobre o capim.
Eu não ouso olhar nos zóio dela,
Só de pensar nisso minha espinha gela.
E pra evitar confronto, saio de fininho,
Andando de frente e olhando a onça, que de longe parece só um gatinho.
Na rotina de peão,
Que guarda as cria do patrão,
Um encontro desses é morte certeira,
Mas hoje tudo foi tranquilo, quase uma brincadeira.
Que Deus nos guarde sem fim
Guarde eu e as crias das onça e guarde as onça de mim.
Mas é certo que inté outro dia nóis vai se ver,
Da até dó saber como as coisa são dura, e faz doer.
No próximo encontro entre nóis,
Provavelmente, um vai ser do outro, o algoz.
Vamos lutar cada quar com suas arma e armadura,
Sabendo que a vida, de beleza é cheia, mas também é dura.
Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
15.07.2016
14:14h.
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