Após escadas fúnebres...
Das quais, sobes lento e pensativo.
Vais te assentar e debruçar cotovelos,
Dos tensos membros.
Fechas as tuas mãos
Ou as espalmas sobre os veios da madeira.
Que outrora fora uma, dentre tantas outras
Numerosas empinadas cobertas de cascas,
Formadoras de formatos sombrios, guarda-sóis.
Agora serves de apoio
Aos derradeiros, derrotados de alma
Em devaneios desorientados.
Incompletos pela complexidade
Daquilo que não compreendem.
Atrás da banca, outro assento, onde repousará a teu contento
Aquele que ouvirá os mais gélidos ou aquecidos lamentos.
Ele, catalisador das rápidas lamúrias
De fulgor incontestável, que clareará tua silhueta,
Fazendo-te, tuas sombras enxergar.
Atrás, uma urna de lembranças e imagens,
Que passariam inertes a desinteressados olhares,
Mas que reservam inúmeras pontes
Que levam e trazem os incansáveis exploradores,
Desbravadores de "si mesmo".
Lá do alto, na sala com proposital janela,
Que cede às interferências do mundo,
Permitindo uma conexão com aquilo que fugimos,
Mas para onde sabemos que devemos voltar,
Fica pairando os insultos e desafios.
Sala, que minimalista, não se cala...
Longe disso, se rebela... E firme, como só ela
Guarda bem todas as mazelas, que por ali ousam chegar.
Lá fora o mundo, aqui dentro o túmulo,
Se assim desejar.
Ao final de um encontro, onde firma-se o absurdo,
Pois diante de outro encontras a ti mesmo.
Ficam numa ficha registradas: As provas, os vestígios e os rastros.
Provas de que estiveras ali, em verdade ou não.
Estiveras, ainda que por utopia queiras negar, ou por alegria, deseje sempre se lembrar.
Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
08.02.2017
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