segunda-feira, 30 de novembro de 2015

POESIA: Provando e Sendo Prova de Mim Mesmo.

Da minha infância tenho lembranças,
Que vez ou outra preenchem algum vazio.
Um espaço delimitado por meus traumas,
Crenças, expectativas e um ou outro desejo vil.

Saudosismo é mesmo a minha cara,
Mas só quando, por motivo de frustração, me sinto acoado.
Acoado por falhas nas conquistas de coisas,
Que eu cria necessitar ter para mim ou ao meu lado.

Outro dia, enquanto fazia minha arteterapia,
Recomendou o terapeuta, que eu trabalhasse a intuição.
Na tarefa que me foi dada, coloquei empenho...
Desejei colher os resultados, fossem eles bons ou não!

Então, percebi que tem de existir essa de bom ou ruim,
Quando você quer colher frutos na busca do equilíbrio, é isso!
Nesta busca, ambos os resultados vão favorecê-lo como gente.
Se entendemos isso, a paz consigo é resultado que a mente encara como compromisso.

Estou provando e sendo prova de mim mesmo...
Para ser quem preciso ser.
E como disse no começo, me reconheço nas lembranças do que vivi.
Tenho apreço, hoje, mais pelo ser do que pelo ter.

Ainda assim sei que terei o que me for justo,
E que me livre do contrário o acaso ou a sabedoria.
Pois o peso do que não nos pertence,
Pode durar sobre nós, mais tempo do que a gente suportaria.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
30.11.2015
11:35h.

Eu! - Poços de Caldas - MG. - Morro do Cristo. - Janeiro / 2015

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

POESIA: O que seria do Especial se o Comum não existisse?

Existe uma pequena forma de criar obras, que está nos confins da memória ROM...
Inacabadas obras armazenadas dependem da forma de criação.
E eu com meus devaneios que teimam em falhar. Falham quando mais preciso deles,
Mas hoje não há mais desespero, sei que trata-se de um dom.

Na verdade, existem obras inacabadas em minha mente barulhenta...
Inacabadas estão, pois não sou metódico, organizado ou perfeccionista.
Pego uma a uma sem sequência na medida que me apetecem,
Isso por que descobri recentemente, que cada obra tem um tempo de produção, umas rápidas outras lentas.

Ainda assim, sento diante de uma tela de computador,
Olho para as obras já iniciadas, releio com cuidado e escrevo centenas de palavras.
Percebo que sem a tal da inspiração, é só transpiração e as páginas ganham perfumaria...
O suprassumo criativo, realmente é lampejo ou momento... É paixão e não amor.

A paixão distribui-se por trechos aqui e ali, rodeada de amor e suor,
Que são o resultado da persistência, traduzidas em letras e frases no contexto.
A culminância não falta, mas por vezes me falha na mente onde usar.
Tudo bem, ainda tenho o ápice em meus delírios, se não o tivesse seria pior.

Acredito que seja assim em qualquer arte,
Em todo lugar, em qualquer parte deste vasto mundo da criação.
Pode ser assim com o escritor solitário, o músico escancarado ou latente,
Com o engenheiro ou arquiteto. É assim com todos que fazem o todo com pequenas partes.

Melhor assim...
Para que o extraordinário apareça o comum deve dar-lhe suporte.
Se não fosse o comum, do extraordinário decretada seria sua morte.
Melhor que haja o comum, para que o especial não tenha fim.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
26.11.2015
12:10h.

Photo by: Silvio A. C. Francisco - Ano de 2015


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

POESIA: Tragédia por tragédia, eu sinto muito pelas vítimas em todas.

Qualquer tragédia, por si só já basta.
Longe de mim entrar na torcida de coisa ingrata,
Não é preciso comparar...
Para decidir qual tragédia deixou mais pessoas arrasadas.

São cento e vinte mortos na França,
Cento e vinte vidas ceifadas.
Deslizou sobre os que sobreviveram,
Toneladas de desespero e lágrimas.

E no Brasil, meu Brasil de natureza há muito explorada,
De onde se tira o minério com tamanha voracidade,
Que passa-se a impressão de que para o povo não restará nada.
Mas o povo, a grande maioria, recebeu o salário pelo trabalho do dia a dia a troco de "amizade".

E se faltava algo ao trabalhador,
Que este cobre a dívida pela morosa justiça com seu melhor clamor.
Ainda assim não se engane, a justiça aqui para uns é punitiva,
Para outros é uma teta esterilizada e pronta para que se mame com "amor".

Qualquer tragédia, por si só já basta.
Longe de mim entrar na torcida de coisa ingrata,
Não é preciso comparar...
Para decidir qual tragédia deixou mais pessoas arrasadas.

O desleixo e a indiferença vem de todo lado,
Vem do governo onde permeia a corja de veados,
Onde saltitam fugindo aos montes, quando algo está errado.
Vem também de empresas gigantescas com diretores que fingem estar preocupados.

Que nos diga Bento Rodrigues, cidade inundada.
Mas não foi apenas lama que cobriu a coitada em um único dia.
Toda a imundície que rompeu a barragem, invadiu a cidade
E seguiu seu curso de desastre. É uma triste imagem carregada de ironia.

Quanta sujeira se escondem por trás de gigantes privatizadas?
Quanto se descobre ao vasculhar as lamas sustentadas por "barreiras" que seguram as propinas?
O que pode-se encontrar por trás de um dique de "construtoras"?
Que tipo de sujeira acumulada nos fundos de uma barragem esperam ser reviradas?

É uma pena, mas parece que neste mundo de hoje,
Muita gente vai morrer em nome de uma paz simbólica,
Vai-se matar em nome disso ou aquilo. Vai-se morrer...
Corpos sem vida vão se acumular. Dezenas de centenas de milhares, em nome de uma "paz caótica"...

Para o terror ou para os acumuladores de milhões de dólares,
O que vale é a "paz do medo".
Nela tudo fica em silêncio, desde que os mais fracos submetam-se aos "mestres",
Nela todos se calam, guardando histórias e segredos.

E não adianta reclamar! Engulam a seco! Todos nós, que acomodados estamos,
Devemos engolir e sentir a garganta sangrar. Nós mesmos, que brincamos quando deveríamos estudar.
Nós que achamos errado o furto do político, mas levamos vantagem sobre o outro.
Que gritamos palavras de ordem por termos colocado ladrões no poder, mas amamos quando o erro vem nos beneficiar.

Sabem a história do "aqui se faz, aqui se paga"?
Pois bem, a conta chegou, com os dez por cento do garçom e couvert artístico.
Mas alegrem-se, temos governantes que prezam pelo social. Tudo vai ser pago como gostamos,
Em suaves e infinitas prestações. Focando o valor fracionado, vamos seguir com ou sem trabalho, mantendo o ritmo.

Tragédias por tragédias,
Quem dera se uma dezena delas fossem cômodas.
Tragédia por tragédia, eu chego a uma conclusão triste...
Sinto muito pelas vítimas em todas.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
25.11.2015
20:19h.

Imagem Retirada da Internet: colegiosacramentinas.com.br

Imagem Retirada da Internet: www.brasilescola.com

sábado, 21 de novembro de 2015

Poesia: Tarde ou Cedo

Já é tarde... Penso!
Tarde para quê?

Para me alistar no exército, é tarde!
Para me achar sábio, é cedo!

Para ser um jogador profissional de futebol, é tarde.
Para dizer que já vi de tudo, é cedo.

Para querer outra mulher, é tarde!
Para crer que já sei amar em plenitude, é cedo.

Já é tarde e a madrugada ganhou da noite, faz tempo.
Quero ver alguém, então caminho até lá.

Ainda na porta do quarto, sinto o cheiro de madeira recém-trabalhada.
A cama nova, onde repousa meu presente, foi um presente.

Até para ele, que ainda vive o começo da vida,
Existe o tarde e o cedo.

Caso queiram saber, para ele, ser um bebê, é tarde!
Ser um homem feito, ainda é cedo!

Para ganhar um primeiro beijo de mãe, é tarde!
Receber o último beijo de despedida, está cedo!

Do primeiro suspiro, até o último há muito de tarde e cedo.
Ainda que tarde o sol, saiba que a noite não é a dona do tempo.

Mesmo para um piscar de olhos, corre o tempo.
O feito pode ser grande ou parecer pequeno...

Não devemos pensar que algum feito nosso não caiba ao seu momento,
Pois cabe a nós apenas o feito e a Deus, cuidar que ele encaixe no devido tempo.

Por isso algo velho é tão atual...
E muitas coisas novas são tão velhas como a lua ou o vento.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
22.11.2015
01:39h.

Photo by: Silvio A. C. Francisco