terça-feira, 3 de outubro de 2017

POESIA: O Pacóvio, o Caos, o Medo e a Solução.

O pacóvio surge...
Com sorriso de canto de boca,
Não se contém.
Põe-se a mostrar sua destreza,
E tem como aludido
Fazer a todos saber, que é um grande sabichão.

Larápio, de vã habilidade,
Que pensa ser de vanguarda,
Quando o assunto é esperteza vil.
Engrossa fala e gestos
Para demonstrar sua coleção de astúcia,
A qual me parece mais, um punhado de fraqueza.

Bateu-me nas costas, palmadas ou socos?
Palmas ou punhais?
De onde me bateu, poderia bem me acertar a face.
Porém o faz quando não estava perto.
Por isso confirma a si, ser esperto,
Denotando aos demais apoderar-se da justiça.

Me vem o caos, em forma de especulação,
Mesmo sentindo ser a verdade, dou de ombros.
Não quero nutrir antipatia...
Ao menos, não agora.
Desprezo o que me dizem de outrem,
Por hora, ainda sabendo que é do feitio do imbecil.

Há tempos nasceu o covarde cruel.
Mas carecia de ato ritualístico,
Havia de ocorrer o batismo.
E tudo foi feito, como planejado...
Por ele e por mim.
Cai por terra, máscaras, que nada mais escondiam.

Era óbvio, mas faltava coragem.
Detinha-se substanciais provas, mas faltava coragem.
Coragem! Gritem a plenos pulmões!
Para que venha, como um alustre.
Gritaram... Então veio.
Logo após o estrondo, um trovão.

Causou espanto,
Estagnou, por instante.
Corações aceleraram...
O suor, a boca seca, novo medo.
Das bocas surgiram outros segredos...
Depois de tudo, seguiu-se o tempo... Solução.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
03.10.2017
14:42h.


terça-feira, 12 de setembro de 2017

POEMAS: Obstáculos.

Os obstáculos... Ah, os obstáculos.
Quantos deles me foram jogados?
Muitos outros por mim criados.

Se de um, me desvencilho,
Noutro tropeço e me recrio,
Mas antes me inclino.

Topei com um, outro dia.
Topei, como quem topa com o dedo,
Como quem chuta assoalho e suas estrias.

A dor, insinuante e cheia de evidências,
Envolve e domina a mente, exercita a paciência,
Haja paciência, pra trazer ao centro, o sujeito e sua decência.

Havia um obstáculo, pedante, imponente.
Sorria, gargalhava, mostrava língua e dentes.
Fez sombra e denotou minha pequenez com a fragilidade adjacente.

Que se dane, vou seguindo a trajetória.
Mais hora, menos hora, conto a mim mesmo a história.
Para não esquecer dos detalhes, das migalhas e praticar a memória.

Obstáculos, sólidos, intransponíveis...Que nada!
Todos são o fim ou o começo de uma piada.
Por isso vale e é até bom que diante deles ou depois, permita-se uma risada.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
12.09.2017
17:03h.


terça-feira, 29 de agosto de 2017

POESIA: Conduta do Bom Guerreiro.

Do que é que você se esconde?
Por que é que você se protege?
Tem andado por aí, aonde?
Com quem que você se mete?

Há tempos que o tempo,
Imperdoável o atravessa.
Ele já te abraçou empurrando-o com o vento,
Mostrando-te, que pelo teu desleixo agora há pressa.

Recompõe-se, colocando-te em pé,
Carrega-te daí para lá,
Pois é com coragem, persistência e fé,
Que poderás percorrer o trecho, então finalmente chegar.

Deita teus olhos sobre a presa,
Que aguarda em pânico, ser subjugada.
Mas não te enganas, há de ter destreza,
Tornando a expectativa, em sua melhor caçada.

Estejas pronto para o revés,
E que dele não lhe seja o fim.
Considere apenas como o viés,
Provocando-o a mostrar que a munição não é de festim.

Quando puxar o gatilho,
E depois, estiver aproveitando tua presa.
Fique certo de que ainda haverá empecilhos,
Testando sua verdadeira natureza.

É que não acaba aí,
Tudo isso foi só uma pequena parte.
Outras batalhas hão de vir.
Mantenha firme e a vista teu estandarte.

Carregue consigo a sabedoria e bravura,
Tenha ciência que o ciclo sempre se renova.
Mantenha firme e impecável a conduta.
Sendo justo com os outros e consigo, passarás por qualquer prova.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
29.08.2017
09:08h.

terça-feira, 2 de maio de 2017

POESIA: Três Pilares e Um Covarde

Em dia quase frio,
Onde quase chove...
Espero, de um jeito tardio,
Que algo dentro de mim, se renove.

Fosse eu, rico...
Pegaria, romântico, uma xícara de café.
Sentaria em uma poltrona reconfortante,
E em um apropriado apoio, repousaria os pés.

Fosse eu, decidido...
Debruçaria mente e olhos atrás da lente,
Em uma tela acesa e branca,
Pronta para receber uma história latente.

Mas rico, não sou...
E talvez, ao invés do café, um refrigerante...
Que de gelado, faz suar o copo: Liso, em tons de azul...
Desce líquido pela goela um sentimento frio, mas reconfortante.

Decidido, já fui...
Hoje, acomodado, como velha coisa deixada...
Repousada em um canto inerte, por preguiça de jogá-la...
Ou até por pensar, que nela, algo ainda valha.

Atravesso minutos, horas e dias.
A mente, preencho de coisas vazias,
Fico cheio de quinquilharia...
E a semântica das coisas, já não faz mais companhia.

Embora tudo isso,
Pena de mim, não tenho... Ao menos isso!
Pois pena é sentimento desnudo, vulnerável, como seu dono...
Aguardando escudo, que lhe garanta continuar sendo submisso.

De lado, um sonho já desconfigurado...
Uma vontade que acena tímida, mas sem alarde.
Diante dos olhos, uma nova realidade,
Que exceto por três pilares não vai à ruína, e sustenta um covarde.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
02.05.2017
08:47h.

sexta-feira, 24 de março de 2017

POEMA: Incoerências de Uma Vida Coerente

Tudo, tão de repente...
Na minha frente: O Futuro..
Desordem, ao descontente,
Acomodado, que se incomoda com o mundo.

Fica claro, mas eu desvio o olhar.
Até fecho os olhos, pra não ver...
Tudo aquilo, suspenso e flutuante...
Que eu sei, já não gostar de ter.

Silêncio em minha mente, é inerente...
À minha vontade... De escolher o que não me completa,
Pelo contrário, me deixa com menos da metade.
Então fico a procura de entender o que me resta.

Tudo, tão de repente...
Intransigente, incoerente e invasivo.
Uma escolha, direcional e verdadeira,
Pra quem só mente aos próprios ouvidos.

Aproveite, enquanto está quente...
Coma e devore, tudo por instinto.
Logo mais vai deixar o resto de lado...
E voltar a ser o mesmo "satisfeito" sem motivo.

Me incomodei com a inércia do outro,
Enquanto eu ficava parado e imóvel.
Hoje me movo reclamando de mim mesmo,
Aproveitando o agito do meu ócio.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
24.03.2017
15:41h.


segunda-feira, 6 de março de 2017

POEMA: QUE SE ESPERA, POR ISSO SE ESMERA.

Não minta mais, e se admire,
Daquilo que foi feito para vós.
Pare diante da obra,
Abra seus olhos inspire e espire.

O teu próximo é como você...
Merecedor da verdade,
Assim como somos e queremos.
Verdade que nos moldamos, como deve ser.

E que de mim, afaste-se a ira,
Não querendo, vou me desfazer.
De tudo que me tira a paz, não volto atrás...
Sem permitir o desequilíbrio, não quero ser o alvo, mas a mira.

Que preenchendo a mim esteja o espírito límpido,
Me fazendo satisfeito em peso e medida.
Em contrapartida, firme-se a satisfação.
Não restando lugar ao que causa desequilíbrio.

E o labor, grandioso labor,
Aqui estou para cumpri-lo.
De meus dedos e mãos se apresente logo,
Para que eu seja construtor daquilo que tenho amor.

Vigiarei então, para que alegre meu espírito.
E assim, feliz esteja o Senhor comigo.
Assim sendo, seja limpo de mim:
Amargor, cólera, blasfêmia e qualquer coisa de ímpio;

Ao invés de tudo que destrói,
Que eu seja misericordioso e tenha compaixão.
Trazendo para mim o mesmo,
Pois o contrário em alma e peito me doem.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
06.03.2017
14:41h.

- Poema, inspirado no trecho da Bíblia Sagrada: Carta de Paulo ao Efésios - 
- Cap. 4 Verículos do 25 ao 32 -

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

POESIA: A Sala do Encontro

Em elevado plano,
Após escadas fúnebres...
Das quais, sobes lento e pensativo.
Vais te assentar e debruçar cotovelos,
Dos tensos membros.

Fechas as tuas mãos
Ou as espalmas sobre os veios da madeira.
Que outrora fora uma, dentre tantas outras
Numerosas empinadas cobertas de cascas,
Formadoras de formatos sombrios, guarda-sóis.

Agora serves de apoio
Aos derradeiros, derrotados de alma
Em devaneios desorientados.
Incompletos pela complexidade
Daquilo que não compreendem.

Atrás da banca, outro assento, onde repousará a teu contento
Aquele que ouvirá os mais gélidos ou aquecidos lamentos.
Ele, catalisador das rápidas lamúrias
De fulgor incontestável, que clareará tua silhueta,
Fazendo-te, tuas sombras enxergar.

Atrás, uma urna de lembranças e imagens,
Que passariam inertes a desinteressados olhares,
Mas que reservam inúmeras pontes
Que levam e trazem os incansáveis exploradores,
Desbravadores de "si mesmo".

Lá do alto, na sala com proposital janela,
Que cede às interferências do mundo,
Permitindo uma conexão com aquilo que fugimos,
Mas para onde sabemos que devemos voltar,
Fica pairando os insultos e desafios.

Sala, que minimalista, não se cala...
Longe disso, se rebela... E firme, como só ela
Guarda bem todas as mazelas, que por ali ousam chegar.
Lá fora o mundo, aqui dentro o túmulo,
Se assim desejar.

Ao final de um encontro, onde firma-se o absurdo,
Pois diante de outro encontras a ti mesmo.
Ficam numa ficha registradas: As provas, os vestígios e os rastros.
Provas de que estiveras ali, em verdade ou não.
Estiveras, ainda que por utopia queiras negar, ou por alegria, deseje sempre se lembrar.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
08.02.2017
10:06h.

- Photo by: Régis Lourenço Cegagno - Piracicaba / SP -


segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

POESIA: Das Batalhas Que o Covarde Fugiu

Ficaram batalhas por travar,
Por temor de algo, que eu até conheço.
Algumas batalhas, talvez até estivessem no fim...
Mas a maioria, ainda estavam em seu começo.

Descobri, que por conta das adiadas batalhas...
Outros prélios foram gerados.
E destes não é possível fugir,
Não importa quão longe vá, você sempre será atacado.

Quanta imbecilidade a minha,
Sabotado sou, por dias.
E o sabotador é o mesmo que vos fala em rimas.
Como posso, com minha própria covardia?

Eu escolhi por agora procrastinar.
E sofro com a decisão covarde.
Ainda assim, não mudo nada.
Sigo com meu disfarce, para não causar alarde.

Murro em ponta de faca,
Cair duas vezes na mesma trapaça.
Não me façam aquilo, que não queres que te façam.
Na primeira é quase legal, mas depois perde a graça.

Aviso-me, recomendando o óbvio.
Certifico-me de que entendi.
Comprovo que é penoso carregar o ócio,
Quando eu deveria persistir e agir.

O que te bloqueias?
Pergunta parte de mim.
Nada! Respondo.
Para não causar, nos ouvidos do medo, um estrondo.

Por assim, perfuraria dele, os tímpanos.
Rompendo o silêncio complacente.
Complacente, mas odioso,
Tal qual a mais repugnante realização do indecente.

Quantas das vezes, planejei...
Planos de superficial engano.
Engano de quem engana a ti mesmo.
Cobrindo: desejo e o sonho, com perfumado e alvo pano.

Vou levar mais um tempo,
Errando, aprendendo, engolindo... Sonhando!
Vou bater contra o peito... Escondido, é verdade.
Admitindo ser um covarde, ainda vou tentar continuar me enganando.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
30.01.2017
17:55h.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

POESIA: A Ladra do Cheiro das Rosas

Antes, uma breve explicação sobre a inspiração para este poema.
Tenho algumas lembranças dos meus 3 aos 5 anos de idade. Nesta época, morei em Ipeúna, interior do estado de São Paulo e sempre que podia, estava agarrado às grades do portão da casa que residíamos. Eu queria ver gente, ver as pessoas passarem pela rua, queria conversar com elas.

Na verdade eu desejava a rua como uma criança que deseja muito um brinquedo, mas uma pessoa especial para mim naquela época me chamou a atenção por causa de um fato curioso:

Paradinho e agarrado às grades do portão, às vezes eu via uma linda menina passar pela calçada. Muitas das vezes ela estava acompanhada, outras vezes sozinha e apressada, mas sempre que passava, vinha com ela um cheiro... Um perfume delicioso, bem verdade. Para mim e minha cabeça infantil, era o cheiro das rosas do jardim da casa da frente. Defini, então, sabe-se lá como, que a menina passava e roubava para si o cheiro das rosas. Por isso eu ficava lá, esperando ela voltar para ver se as rosas, que me pareciam tristes depois de serem roubadas, iriam reclamar o que lhes era de direito. Na maioria das vezes, via ela voltar, mas as rosas não faziam nada. Eram raros os momentos em que a menina demorava muito e minha mãe me recolhia, frustrado, para dentro de casa, antes que eu pudesse vê-la.

Um dia, minha mãe precisou ir até a casa da frente para fazer algo e me levou com ela. Por coincidência, a menina já havia voltado. Por isso, corri cheirar as rosas e o cheiro delas estava lá... O perfume que a menina pegava das rosas estava de volta. Claro, pensei então que a menina ao voltar, devolveu às rosas o perfume que as pertencia. A partir deste dia acreditei até meus cinco anos aproximadamente, que a menina emprestava das rosas o delicioso perfume e que elas eram amigas.

Outro dia (21.01.2016) estava fazendo um trabalho comigo mesmo, ouvindo musica clássica, e me esforçando para lembrar de ocorrências dos meus 3 ou 4 anos e acabei lembrando desta história. Por isso fiz o poema abaixo:


POESIA: A Ladra do Cheiro das Rosas


Quando você passava, toda formosa.
Vinda de sua casa pomposa,
Trazia consigo o cheiro roubado das rosas.

Coitadas, ficavam lá paradas,
Torcendo por seu bem precioso não se perder ao vento,
Como pessoas recém roubadas de seu talento.

E eu aqui, com mãos e dedos,
Grudados às grades do portão...
Achando-me espertalhão por saber o seu segredo.

Respirava fundo e sem jeito,
Mas o cheiro foi-se, como você e com você.
Era como se um doce encanto fosse desfeito.

Pequeno, infantil e para as rosas olhando,
Ficava eu, sabendo que a menina iria voltar...
Paradinho e esperando.

Isso era o que me acalmava o peito,
Este sentimento perfeito, da certeza, que logo ela voltaria,
Devolvendo para as rosas, o que tirado havia.

E assim eram meus dias pequenos de pequeno,
De criança com mãos e dedos,
Agarrados às grades do portão.

Eram sim, dias de espera ansiosa,
Desejando ver a ladra do perfume das rosas,
Que passava e às vezes tocava minhas mãos.

Quanto às rosas, eu olhava com pena.
Apreciava as pobres pequenas,
Tristes por estarem sem cheiro.

Suspirava fundo e enchia meu peito,
Pensando na falta de respeito,
Que era roubar das rosas, sempre ao passar por elas, o cheiro.

Eis que um dia, tive a oportunidade.
Minha mãe atravessou a rua, 
E eu fui atrás dela, na verdade.

Dentro da casa com jardim de rosas,
Estava eu agora, envolvido...
Cheirando e deliciando-me com o perfume devolvido.

A menina ladra havia retornado,
Com seus pequenos passos apressados e alegria no peito.
E devolvido para as rosas o que lhes era de direito.

Percebi então que não se tratava de uma ladra,
Mas sim de uma menina que emprestava, com amor.
Afinal, sempre que voltava, devolvia o que pegou.

Ah! Menina astuta.
Quanto renderam-me pensamentos e labutas,
Buscando entender o que realmente fazias.

Me senti mais velho e sábio naquele dia,
Já que minha cabecinha compreendia agora...
O tamanho de sua intimidade com as rosas.

A menina que ia e voltava, voltava e ia...
E o cheiro das rosas, tinha como companhia.
"Sorte", pensei eu... "Sorte a minha". Poder ver isso em meus dias.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
22.01.2016
15:52h.


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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

POESIA: Dona Enfadada

Enfadada amiga,
Enfadada dor.
Por que me faz ferida,
Se eu te faço amor?

Enfadada amante,
De enfadados amores.
Desgastada és, por brigas,
Que lhe causaram dores.

Mas o que te significa,
Ter de teu bem, distância?
Seria alívio na fadiga,
Ou referência do que vistes na infância?

Enfadado sonho,
Despertador de outro eu.
Tenho por ti afeto,
Mas a obsessão morreu.

Enfadada querida,
Já provaste meus sabores.
Estão pintados em sua tela: vida,
Com as mais múltiplas cores.

Rezo apenas, que não te tornes
Enfadada enfadonha.
Que de tal, fique amarga
E me cause vergonha.

Enfadada enfática,
Que ao menos nos haja tempo.
De fazer história nova,
Repleta de novos belos momentos.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
19.01.2017
14:39h.

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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

POESIA: Sabedoria Alcançável

Ok, me leve de volta ao começo.
Eu errei feio, mas quero consertar.
Nunca foi fácil, nem poderia.

Muito embora, valesse a pena...
Se soubesse o trajeto e o endereço,
Eu mesmo, regressaria.

***

Com passadas firmes,
Outras mais vacilantes...
Percorri um caminho,

Onde vez ou outra, em delírio
Desejei voar,
Entretanto não seria certo fugir dos espinhos.

***

Por isso, calcei chinelos de sola rígida,
Que me fizeram feliz, por um instante.
Pisei os espinhos e amassei-os com avidez.

Já mais a frente em um leve declive,
Meu corpanzil não contive, estatelado, fiquei em chão firme.
Que fora feito do excesso de confiança e altivez.

***

Ok, me leve de volta ao começo,
Se tens o poder sobre tudo,
Ao menos por um instante.

Para eu poder sentir hoje,
O que não sentia há tempos atrás.
Por assim, que eu faça o que faz os larápios amantes.

***

Que olham com apreço,
Brilhos de falsificados diamantes.
Por fora regozijam-se e festejam...

Para tornar os olhos dos que o cercam,
Também admirados, por algo que no fundo é ninharia.
Enquanto, por dentro lamentam o objeto, que outros agora desejam.

***

Ok, me leve de volta ao começo,
Numa viagem calma e tranquilizante.
Nem que seja só para observar.

Que no fundo todos os meus erros.
Foram consequência de impensados atos,
E que outros, igualmente, com propriedade, irão errar.

***

Quer saber? Não me leve de volta.
Parto eu, daqui mesmo.
De onde estou, para novas vivências.

Está claro agora, que levar a vida com valor,
É saber terminar o que carece de fim e começar coisas novas.
Isto é sabedoria alcançável a todos. E que todos, disso, tenham ciência.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
18.01.2017
15:17h.