Por voltas e voltas,
Em minha cabeça.
Por vezes pensando mais que se deve.
Por voltas e voltas,
Na vida da gente,
Perdendo ou ganhando,
O que nos acontece?
De teorias da vida,
Já ouvi muitas e muitas,
Tantas que às vezes nem soube qual seguir.
Há quem pregue,
Que deve-se amar o que faz,
Que amando assim
Sua vida, em sucesso vai seguir.
Há quem diga
Que deve-se fazer o que ama.
Que poderás não ficar rico, mas estará sempre completo.
Eu que não sou perito nessas coisas,
Arrisco tentando o que me condiz.
E o que está de acordo
Está sempre mudando, mantendo-se inquieto.
Calcei meu chinelo
E saí batendo ele por aí.
"Chilep, chilep", fazia o chinelo,
Enquanto eu caminhava olhando tudo,
Mas não vendo nada. "Chilep, chilep, chilep",
A cada passo batia em meu calcanhar, chinelo barulhento
Na panturrilha fazia vento.
Apertei os dedos no chinelo,
Queria que parasse seu barulho, "chilep, chilep".
De nada adiantou, ele continuava...
Seu som parecia que ainda aumentava.
Então parei. "Chilep, chilep".
Como assim? Estou parado.
Eis que me ultrapassaram passos apressados.
Foi-se embora uma moça,
Com chinelo barulhento,
Na panturrilha fazendo vento,
Olhando firme para frente e de sacola na mão.
"Chilep, chilep"...
Passos apressados, pisando forte e séria.
Parecia que tinha pressa, mas na mente mil ideias.
Para quê um chinelo barulhento?
Pergunto eu, para quê um chinelo barulhento?
A discrição é um presente do silêncio.
Melhor descalço,
Do que na panturrilha fazer vento.
Olhei para meus pés calçados
Pisando sobre chinelos barulhentos e gastos.
Segui a moça de chinelos,
Eu já estava descalço.
Mais a frente um menino brincava na calçada.
Parou o que fazia e olhou para trás.
Saiu correndo o pequeno rapaz.
De encontro à moça ele foi direto...
Abraçaram-se, ele sabia que ela chegara, por causa do barulho do chinelo.
Um calçado velho, chinelo mole,
Que bate no calcanhar
E para o resto da planta do pé, terra engole.
Pode-se viver em discrição, com tênis ou sapato.
Mas aí nunca haverá na calçada de sua casa ouvidos atentos,
Que deixarão o que fazem para dar-te abraço.
Vale a pena chinelo barulhento, para em troca ter o melhor dos momentos.
Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
29.10.2015
12:53h.
 |
Foto by: Silvio A. C. Francisco - Pés do meu filho. - Charqueada / SP - 29.10.2015 |