quarta-feira, 25 de novembro de 2015

POESIA: Tragédia por tragédia, eu sinto muito pelas vítimas em todas.

Qualquer tragédia, por si só já basta.
Longe de mim entrar na torcida de coisa ingrata,
Não é preciso comparar...
Para decidir qual tragédia deixou mais pessoas arrasadas.

São cento e vinte mortos na França,
Cento e vinte vidas ceifadas.
Deslizou sobre os que sobreviveram,
Toneladas de desespero e lágrimas.

E no Brasil, meu Brasil de natureza há muito explorada,
De onde se tira o minério com tamanha voracidade,
Que passa-se a impressão de que para o povo não restará nada.
Mas o povo, a grande maioria, recebeu o salário pelo trabalho do dia a dia a troco de "amizade".

E se faltava algo ao trabalhador,
Que este cobre a dívida pela morosa justiça com seu melhor clamor.
Ainda assim não se engane, a justiça aqui para uns é punitiva,
Para outros é uma teta esterilizada e pronta para que se mame com "amor".

Qualquer tragédia, por si só já basta.
Longe de mim entrar na torcida de coisa ingrata,
Não é preciso comparar...
Para decidir qual tragédia deixou mais pessoas arrasadas.

O desleixo e a indiferença vem de todo lado,
Vem do governo onde permeia a corja de veados,
Onde saltitam fugindo aos montes, quando algo está errado.
Vem também de empresas gigantescas com diretores que fingem estar preocupados.

Que nos diga Bento Rodrigues, cidade inundada.
Mas não foi apenas lama que cobriu a coitada em um único dia.
Toda a imundície que rompeu a barragem, invadiu a cidade
E seguiu seu curso de desastre. É uma triste imagem carregada de ironia.

Quanta sujeira se escondem por trás de gigantes privatizadas?
Quanto se descobre ao vasculhar as lamas sustentadas por "barreiras" que seguram as propinas?
O que pode-se encontrar por trás de um dique de "construtoras"?
Que tipo de sujeira acumulada nos fundos de uma barragem esperam ser reviradas?

É uma pena, mas parece que neste mundo de hoje,
Muita gente vai morrer em nome de uma paz simbólica,
Vai-se matar em nome disso ou aquilo. Vai-se morrer...
Corpos sem vida vão se acumular. Dezenas de centenas de milhares, em nome de uma "paz caótica"...

Para o terror ou para os acumuladores de milhões de dólares,
O que vale é a "paz do medo".
Nela tudo fica em silêncio, desde que os mais fracos submetam-se aos "mestres",
Nela todos se calam, guardando histórias e segredos.

E não adianta reclamar! Engulam a seco! Todos nós, que acomodados estamos,
Devemos engolir e sentir a garganta sangrar. Nós mesmos, que brincamos quando deveríamos estudar.
Nós que achamos errado o furto do político, mas levamos vantagem sobre o outro.
Que gritamos palavras de ordem por termos colocado ladrões no poder, mas amamos quando o erro vem nos beneficiar.

Sabem a história do "aqui se faz, aqui se paga"?
Pois bem, a conta chegou, com os dez por cento do garçom e couvert artístico.
Mas alegrem-se, temos governantes que prezam pelo social. Tudo vai ser pago como gostamos,
Em suaves e infinitas prestações. Focando o valor fracionado, vamos seguir com ou sem trabalho, mantendo o ritmo.

Tragédias por tragédias,
Quem dera se uma dezena delas fossem cômodas.
Tragédia por tragédia, eu chego a uma conclusão triste...
Sinto muito pelas vítimas em todas.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
25.11.2015
20:19h.

Imagem Retirada da Internet: colegiosacramentinas.com.br

Imagem Retirada da Internet: www.brasilescola.com

5 comentários:

  1. Belas palavras meu amigo, belos conceitos, parabens por mais uma obra, e nessa você mostrou muita verdade!!

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    1. Obrigado Rafael Martins. É uma honra ter você como um leitor de meu BLOG!

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    2. Um conterrâneo poeta! Boa sorte, neste mundo 🌍 deseleiturado...

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    3. Um conterrâneo poeta! Boa sorte, neste mundo 🌍 deseleiturado...

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  2. Olá Amaury, muito obrigado por diminuir a realidade do solitário poeta e sua obra! Vida longa para você! Grande Abraço.

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