domingo, 27 de dezembro de 2015

POESIA: O que aprendo enquanto tento escrever meus livros.

Então, começa-se uma viagem,
Como quem começa uma corrida de cem metros rasos.
Com toda a potência e entusiasmo,
Após dezenas de metros busca ainda mais força...
Para perceber que trata-se de uma maratona.

Eis um susto... O susto especial, que te deixa estático,
Por mais tempo que um susto normal.
Vem à sua mente que percorrer grandes distâncias, não faz seu estilo,
Mas ainda continua caminhando,
Pensando nisso e naquilo, perguntando a si, sobre... Sobre muitas coisas.

Coisas como: "Por que ter começado esta viagem?".
Como pôde ser levado pela emoção? Tolo, destes que a tolice o conhece tão bem,
Que nem pondera para estender-lhe a mão...
E você agarra a ela... Cego que segue a luz,
Podendo ser ela, da saída ou da locomotiva que segue rápida em sua direção.

Mesmo sabendo que está entrando em um beco,
Por onde não passam ilesos os segredos do teu coração,
Vai sendo puxado, de braço esticado e dedos entrelaçados...
Quem de fora sem saber, diz a qualquer um que estão enamorados.
Doce amor, entre o suposto viajante e a sua tolice.

A viagem continua, às vezes em caminho sinuoso,
Serpenteando por lugares que te deslumbram.
Já em outros trechos, a estrada é uma linha reta,
Que desaparece no horizonte, insinuando um fim.
Mas não pode ser! Ainda não se chegou ao destino esperado.

E aí percebendo que já caminhou longo trecho,
Que deixou para trás longo espaço onde muito se ouviu e também se disse,
Mas nada do que se ouviu foi aproveitado, e o que foi dito é um emaranhado...
Por isso, esmaece... Na sua fraqueza, que mudam suas certezas,
Como quem troca de opinião de forma corriqueira, esmaece.

Daí, é que decide não chegar mais ao destino...
Volta pra trás, e refaz seu caminho, até o ponto de partida chegar.
E lá encontra seu lugar preferido, talvez por saudosismo
Ou talvez por puro costume e comodismo,
Acha belo tudo aquilo, que cansado, abandonou outrora, desejando novo lugar.

A epifania vem, e é de propósito.
Só para te esclarecer que mesmo não tendo chegado ao fim,
Por onde passou no caminho de ida, foi onde obteve conhecimento,
Agregou assuntos e pensamentos. Explanou um mundo de sentimentos...
E desapercebido, focado em relutar, debruçar e chorar... Reclamou...

"Tudo foi espinho", foi o que pensou,
"Não haviam flores no chão por onde pisei", ponderou.
"Foram tantas pedras, que mal se via o chão liso de areia penteada pelo vento", praguejou.
"O vento? Soprou forte contra mim", afirmou.
"Tudo que consegui, foram dores e cicatrizes", Concluiu.

Mas a epifania, lembram?
Elucidando tudo, ela chegou...
Não cheguei ao fim, por mim mesmo.
Pois sei que não parei por conta do vento, nem me detive pelos espinhos...
As pedras me atrasaram, mas não me aleijaram.

As flores não cobriam meu chão, mas estavam a minha volta,
Vez ou outra haviam flores, há de se dar graças a isso,
Pois se fossem apenas flores o tempo todo ao meu redor,
Logo, estaria eu, achando que flores são banais... Corriqueiras!
Quando na verdade elas foram parte da beleza que a viagem me reservou.

As cicatrizes são como troféus.
E como troféus, muitas vezes os deixamos lá...
Em suas estantes, perdendo sua importância.
Até que venha uma dor, ou melhor...
A lembrança e me faça reviver tudo que vivi pelo caminho.

Erga a mão e agradeça, mesmo se ainda não chegou aonde queria.
Mesmo que tenha sido obrigado a voltar da viagem, sem ter chegado ao fim.
Se isso aconteceu, foi porque ainda não estava pronto.
Provavelmente não levava com você aquilo que lhe seria útil em sua chegada,
Ou pelo resto de sua jornada.

Agora, que já sabemos disso... Alegremo-nos!
Façamos as malas e assim que desejarmos,
Viajemos novamente, mesmo que pelo mesmo caminho,
Sabendo do vento, das pedras, flores, espinhos, dores e cicatrizes.
Aproveitemos também o trajeto. Muitas vezes, ele é preparo para contemplar com plenitude nosso destino.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
27.12.2015
17:25h.


- Photo by Silvio A. C. Francisco - Parque Maria Angélica - São Pedro / SP - 03.12.2015 -

- Photo by Silvio A. C. Francisco - Parque Maria Angélica - São Pedro / SP - 03.12.2015 -

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

POESIA: Bebidas, Seus Sabores e Dissabores!

De muitas maneiras,
Me servi de seus encantos.
Refrescantes e frutados,
Doce líquido em instantes,
Me desce pela goela, bem gelado.

Inesquecível, acompanhado de harmonia,
Antes bebesse todo dia,
Pra manter fresco em minha mente
O seu sabor que inerente,
Traz lembranças comportadas e também as indecentes.

Mas não atoa
Escolhi tê-la nos momentos especiais,
Com o apreço que merece.
Pois assim a tenho mais,
E em meu copo, sabes bem que me envaidece.

Das tuas cores, são tantas que me impressiono,
Já bebi pra ganhar o sono
E até para esquecer alguém.
De qualquer jeito, nos copos ou canecas maiores
Evidenciei você caber direito e fazer de muitos seu refém.

Os requintados podem lhe chamar de drink,
Mas prefiro que não brinquem ao dar-te algum nome injusto.
Para mim, você é a mistura rica, que inspirou canções doloridas.
E faço a todos saber dando a dica,
Que é apenas bebida, que umedece e entorpece as emoções.

Tem caipirinha,
Saqueirinha e batidinha...
Também as vodcas com frutas,
Acrescendo sabores aos momentos bons.
E também, claro... Nas eternas e mais sinceras labutas.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
25.12.2015
14:01h.
- Photo by: Silvio A. C. Francisco - Almoço de Natal na casa de meus pais em Ipeúna / SP -


sábado, 19 de dezembro de 2015

POESIA OU MÚSICA: Dor compartilhada

Eu sabia, que aí existia um coração.
Destroçado pela dor e rejeição
De um amor sofrido,
Que nunca foi correspondido.

Ainda assim, 
Resolvi arriscar o que eu tinha...
Sacando a minha espada da bainha
E estendendo-a em sua direção.

Te encurralei,
Com a minha paixão tão afiada.
Vi você tremendo e sentindo uma pontada,
Dolorida, bem curtida de emoção.

E depois,
De uma noite em tempestade de luxúria.
Que nos banhava e não deixava espaço pras lamúrias.
Você me viu adormecido e partiu na escuridão.

Agora, fico eu com o coração partido.
Das lembranças que sobraram,
Ficou a imagem do vestido florido,
Que desdenhei e larguei jogado pelo chão.

Também me lembro,
Dos sentidos aguçados em sincronia,
Seu cheiro misturado ao da pele minha,
Sugerindo que embora foi-se a solidão.

Como fui pretensioso,
Imaginando que poderia arrancar-lhe
Um amor que ainda no seu peito arde...
E te faz guardar a doce dor da aflição.

Agora eu sinto o mesmo...
E compartilho com você o sofrimento,
Somos almas que contemplam um momento,
A espera de outra aventura por compaixão.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
14.12.2015
13:17h.

domingo, 13 de dezembro de 2015

POESIA: Da ganância ao Inesperado...

Seu silêncio acende uma chama,
Que eu gostaria que apagasse.
Bem que me avisaram sobre ti.
E as criações de seus empasses.

Ilusão com as promessas...
Eu sei! Elas não saíram de sua boca.
Foram seus sinais corporais,
Que gritavam com voz rouca.

Ouvi pelos olhos, aos apelos que fizeste.
Desejei com pressa e por instinto!
Meus sentidos? Entorpecidos!
Um pouco das falácias, foram ajudadas pelo vinho tinto.

Bateu-me à porta,
Uma dama de vestido dourado.
Ela entrou em minha morada,
Espalhando seu amarelo por todos os lados.

No começo está tudo bem,
Ganância é apenas ação de ganhar.
Agora, diga-me quem já perdeu...
Não é coisa da vida aprender quando bater, depois de apanhar?

Domar os instintos,
É lutar contra o hostil,
Que você pensa que conhece,
Por isso de início não bate, acaricia com gesto imbecil.

Por que, só depois que você alimentou a fera,
A deixou forte, sedutora e perigosa, é que resolve dominá-la.
Vai ver que é assim que descobrimos nossa força.
E aprendemos que se temos estacas na mão, podemos usá-las.

Agora, se as mãos estão vazias,
Nada impede, que delas você faça sua arma.
Sufoque de vez, o que não merece estar vivo em você,
E deixe o resto exposto para que critiquem ou batam palmas.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
13.12.2015
13:12h

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

POESIA: Dor é o que antecede a glória.

E a dor?
Esta que nos dá tanto sofrer...
Que muitas vezes aguda,
Não nos permite esconder.
E rasga nossa alma de forma abrupta
Ou serena e calma.

Não importa...
De alguma forma ela se revela,
Às vezes aparece forte e clara,
Outras na penumbra de luz lúgubre de vela.
Dor e tristeza, nomes diferentes...
Revelando coisas iguais e insistentes.

E a dor?
Mas a dor também é causadora de crescimento.
Nos diga aquele que aprendeu com a dor,
Dar mais valor a muitos sentimentos.
Aceitar a dor é exercício,
Por fim nela, é dever! O sucesso é nisto, o benefício.

Há quem se acostume ou até goste...
Claro que tentamos evitá-la e a olhamos de relance.
Dor da alma é dor constante que não se cala...
A menos que você, dolorido se canse,
Sinta-se mexido para mudar...
Tome o remédio, mas elimine a causa para a agonia não voltar.

Tem dor de traição, dor ódio, de ressentimento e de paixão,
Há dores por ciúmes, por bater com o dedo na quina do sofá,
Dor de ingratidão, dor que ainda não sentimos, mas sabemos que vai chegar.
Toda dor tem seu tempo, por isso não tenha medo, ela chega e não fica muito,
Se você não deixar.
Mexa-se, vamos lá.

Se não souber a cura para sua dor,
Vá pesquisar!
Tem umas que se curam com amor,
Outras com colo no sofá.
Algumas com um porre e outras que sozinhas morrem,
Antes mesmo que te façam chorar.

Por isso, aproveite sua dor,
Faça dela instrumento...
Que permita ser alicerce,
Para o seu posterior fortalecimento.
Se a dor for fraca, não a aumente com palavras,
Se for forte, deite na cama, por um instante, dobre-se, desdobre e se enrole.

Apenas não perca o tesão da luta,
Pois assim, será dono da vitória.
Orgulhoso de batalhas vencidas,
É o fim... A glória.
Meta a cara! Quem manda aqui é você...
Vai pra briga e manda a dor se "fuder"!

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
04.12.2015
15:18h.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

POESIA: Estalagmite e Estalactite

Pensei... Que eu seja estalagmite,
Formado por gotas de ocorrências.
Na mistura de incongruências,
Gotejando sobre meu apoio.

Mas que eu seja a forma colunar utópica,
Que se move e procura a cada vez uma goteira nova.
Fazendo de mim mesmo a prova,
De que é melhor ser formado pela diversidade.

Em meio a tudo isso, ainda quero ser estabilidade,
E com o ganhar da idade, possuir estatura,
Sendo forte e rígido, mais que a vida dura,
Para resistir às tempestades sereno, sem muito alarde.

Quero encontrar estalactites,
Que generosas comigo dividem suas misturas aos pingos.
E se houver gotas perniciosas, que as absorva e lapide meus instintos.
Completando minha formação, permitindo-me melhorar.

E se eu encontrar estrutura pendente e benevolente,
Que me concede motivos para versos e prosas,
Inspirando minh'alma a ser formosa,
Para trazer no momento certo uma virada de apoios.

Daí que eu saiba ao menos por um pedaço de tempo,
Ser aquele que desafia limites,
De ponta cabeça eu fique, como estalactite,
Para gotejar sobre alguma colunar ascendente.

Pois não quero apenas ser uma pedra porosa e sedenta,
Que suga e não compartilha,
Não sabendo gotejar em uma formação ou pilha,
E Guarde tudo dentro antecipando o fim.

No término, que todo o peso do que aprendi seja demasiado,
Que não me permita mais ficar agarrado,
E eu despenque ao chão, caindo estatelado,
Despedaçando-me como base para quem passar por mim.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
03.12.2015
10:53h.

Estalagmite - Imagem tirada do site: www.infoescola.com

Estalactite - Imagem tirada do blog: www.umaquimicairresistivel.blogspot.com