terça-feira, 26 de janeiro de 2016

POESIA: Despejar Coisa Boa em Caçamba de Entulho

Vou carregar no drama,
Tecer perfeita trama,
Enquanto um personagem ama
Outro, às vezes, apenas por diversão deita-se na cama.

Vou fazer barulho,
Correr o risco de despejar coisa boa em caçamba de entulho,
Quem dá o presente, demonstra o que sente,
Por que sabe o que há no embrulho.

Vou esperar com olhar seletivo, atento a suas ações...
Repousado sobre você, os olhos que captam reações.
Verei sua manifestação de alegria, fácil de notar.
Pensarei se foi mesmo verdade ou se fez tudo só para disfarçar.

Se acertei no presente,
Completo será seu deleite.
Do contrário, será mais um objeto esquecido,
Junto a outros deixados quase escondidos, no fundo de um armário.

E assim as expectativas vão se criando,
O relacionamento segue caminhando,
Ainda que um arraste o outro por longo trecho,
Para após um tempo sentir-se cansado o suficiente e realizar um desfecho.

Um pode ter divertido-se mais que outro,
O que não pode é nenhum dos dois terem se divertido ao menos um pouco.
Se não era verdade a reciprocidade,
Ainda que doloroso, melhor mesmo é que acabe.

E no fim, a coisa toda é assim!
Não é bom para mim, então ao menos, que a caçamba de entulho fique exposta.
Em algum outro dia, sentirei um calafrio e acordarei com alguém erguendo a caçamba...
E fazendo barulho, vai levar consigo, aquilo que iniciará outra trama.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
26.01.2016
13:04h

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