domingo, 27 de dezembro de 2015

POESIA: O que aprendo enquanto tento escrever meus livros.

Então, começa-se uma viagem,
Como quem começa uma corrida de cem metros rasos.
Com toda a potência e entusiasmo,
Após dezenas de metros busca ainda mais força...
Para perceber que trata-se de uma maratona.

Eis um susto... O susto especial, que te deixa estático,
Por mais tempo que um susto normal.
Vem à sua mente que percorrer grandes distâncias, não faz seu estilo,
Mas ainda continua caminhando,
Pensando nisso e naquilo, perguntando a si, sobre... Sobre muitas coisas.

Coisas como: "Por que ter começado esta viagem?".
Como pôde ser levado pela emoção? Tolo, destes que a tolice o conhece tão bem,
Que nem pondera para estender-lhe a mão...
E você agarra a ela... Cego que segue a luz,
Podendo ser ela, da saída ou da locomotiva que segue rápida em sua direção.

Mesmo sabendo que está entrando em um beco,
Por onde não passam ilesos os segredos do teu coração,
Vai sendo puxado, de braço esticado e dedos entrelaçados...
Quem de fora sem saber, diz a qualquer um que estão enamorados.
Doce amor, entre o suposto viajante e a sua tolice.

A viagem continua, às vezes em caminho sinuoso,
Serpenteando por lugares que te deslumbram.
Já em outros trechos, a estrada é uma linha reta,
Que desaparece no horizonte, insinuando um fim.
Mas não pode ser! Ainda não se chegou ao destino esperado.

E aí percebendo que já caminhou longo trecho,
Que deixou para trás longo espaço onde muito se ouviu e também se disse,
Mas nada do que se ouviu foi aproveitado, e o que foi dito é um emaranhado...
Por isso, esmaece... Na sua fraqueza, que mudam suas certezas,
Como quem troca de opinião de forma corriqueira, esmaece.

Daí, é que decide não chegar mais ao destino...
Volta pra trás, e refaz seu caminho, até o ponto de partida chegar.
E lá encontra seu lugar preferido, talvez por saudosismo
Ou talvez por puro costume e comodismo,
Acha belo tudo aquilo, que cansado, abandonou outrora, desejando novo lugar.

A epifania vem, e é de propósito.
Só para te esclarecer que mesmo não tendo chegado ao fim,
Por onde passou no caminho de ida, foi onde obteve conhecimento,
Agregou assuntos e pensamentos. Explanou um mundo de sentimentos...
E desapercebido, focado em relutar, debruçar e chorar... Reclamou...

"Tudo foi espinho", foi o que pensou,
"Não haviam flores no chão por onde pisei", ponderou.
"Foram tantas pedras, que mal se via o chão liso de areia penteada pelo vento", praguejou.
"O vento? Soprou forte contra mim", afirmou.
"Tudo que consegui, foram dores e cicatrizes", Concluiu.

Mas a epifania, lembram?
Elucidando tudo, ela chegou...
Não cheguei ao fim, por mim mesmo.
Pois sei que não parei por conta do vento, nem me detive pelos espinhos...
As pedras me atrasaram, mas não me aleijaram.

As flores não cobriam meu chão, mas estavam a minha volta,
Vez ou outra haviam flores, há de se dar graças a isso,
Pois se fossem apenas flores o tempo todo ao meu redor,
Logo, estaria eu, achando que flores são banais... Corriqueiras!
Quando na verdade elas foram parte da beleza que a viagem me reservou.

As cicatrizes são como troféus.
E como troféus, muitas vezes os deixamos lá...
Em suas estantes, perdendo sua importância.
Até que venha uma dor, ou melhor...
A lembrança e me faça reviver tudo que vivi pelo caminho.

Erga a mão e agradeça, mesmo se ainda não chegou aonde queria.
Mesmo que tenha sido obrigado a voltar da viagem, sem ter chegado ao fim.
Se isso aconteceu, foi porque ainda não estava pronto.
Provavelmente não levava com você aquilo que lhe seria útil em sua chegada,
Ou pelo resto de sua jornada.

Agora, que já sabemos disso... Alegremo-nos!
Façamos as malas e assim que desejarmos,
Viajemos novamente, mesmo que pelo mesmo caminho,
Sabendo do vento, das pedras, flores, espinhos, dores e cicatrizes.
Aproveitemos também o trajeto. Muitas vezes, ele é preparo para contemplar com plenitude nosso destino.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
27.12.2015
17:25h.


- Photo by Silvio A. C. Francisco - Parque Maria Angélica - São Pedro / SP - 03.12.2015 -

- Photo by Silvio A. C. Francisco - Parque Maria Angélica - São Pedro / SP - 03.12.2015 -

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

POESIA: Bebidas, Seus Sabores e Dissabores!

De muitas maneiras,
Me servi de seus encantos.
Refrescantes e frutados,
Doce líquido em instantes,
Me desce pela goela, bem gelado.

Inesquecível, acompanhado de harmonia,
Antes bebesse todo dia,
Pra manter fresco em minha mente
O seu sabor que inerente,
Traz lembranças comportadas e também as indecentes.

Mas não atoa
Escolhi tê-la nos momentos especiais,
Com o apreço que merece.
Pois assim a tenho mais,
E em meu copo, sabes bem que me envaidece.

Das tuas cores, são tantas que me impressiono,
Já bebi pra ganhar o sono
E até para esquecer alguém.
De qualquer jeito, nos copos ou canecas maiores
Evidenciei você caber direito e fazer de muitos seu refém.

Os requintados podem lhe chamar de drink,
Mas prefiro que não brinquem ao dar-te algum nome injusto.
Para mim, você é a mistura rica, que inspirou canções doloridas.
E faço a todos saber dando a dica,
Que é apenas bebida, que umedece e entorpece as emoções.

Tem caipirinha,
Saqueirinha e batidinha...
Também as vodcas com frutas,
Acrescendo sabores aos momentos bons.
E também, claro... Nas eternas e mais sinceras labutas.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
25.12.2015
14:01h.
- Photo by: Silvio A. C. Francisco - Almoço de Natal na casa de meus pais em Ipeúna / SP -


sábado, 19 de dezembro de 2015

POESIA OU MÚSICA: Dor compartilhada

Eu sabia, que aí existia um coração.
Destroçado pela dor e rejeição
De um amor sofrido,
Que nunca foi correspondido.

Ainda assim, 
Resolvi arriscar o que eu tinha...
Sacando a minha espada da bainha
E estendendo-a em sua direção.

Te encurralei,
Com a minha paixão tão afiada.
Vi você tremendo e sentindo uma pontada,
Dolorida, bem curtida de emoção.

E depois,
De uma noite em tempestade de luxúria.
Que nos banhava e não deixava espaço pras lamúrias.
Você me viu adormecido e partiu na escuridão.

Agora, fico eu com o coração partido.
Das lembranças que sobraram,
Ficou a imagem do vestido florido,
Que desdenhei e larguei jogado pelo chão.

Também me lembro,
Dos sentidos aguçados em sincronia,
Seu cheiro misturado ao da pele minha,
Sugerindo que embora foi-se a solidão.

Como fui pretensioso,
Imaginando que poderia arrancar-lhe
Um amor que ainda no seu peito arde...
E te faz guardar a doce dor da aflição.

Agora eu sinto o mesmo...
E compartilho com você o sofrimento,
Somos almas que contemplam um momento,
A espera de outra aventura por compaixão.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
14.12.2015
13:17h.

domingo, 13 de dezembro de 2015

POESIA: Da ganância ao Inesperado...

Seu silêncio acende uma chama,
Que eu gostaria que apagasse.
Bem que me avisaram sobre ti.
E as criações de seus empasses.

Ilusão com as promessas...
Eu sei! Elas não saíram de sua boca.
Foram seus sinais corporais,
Que gritavam com voz rouca.

Ouvi pelos olhos, aos apelos que fizeste.
Desejei com pressa e por instinto!
Meus sentidos? Entorpecidos!
Um pouco das falácias, foram ajudadas pelo vinho tinto.

Bateu-me à porta,
Uma dama de vestido dourado.
Ela entrou em minha morada,
Espalhando seu amarelo por todos os lados.

No começo está tudo bem,
Ganância é apenas ação de ganhar.
Agora, diga-me quem já perdeu...
Não é coisa da vida aprender quando bater, depois de apanhar?

Domar os instintos,
É lutar contra o hostil,
Que você pensa que conhece,
Por isso de início não bate, acaricia com gesto imbecil.

Por que, só depois que você alimentou a fera,
A deixou forte, sedutora e perigosa, é que resolve dominá-la.
Vai ver que é assim que descobrimos nossa força.
E aprendemos que se temos estacas na mão, podemos usá-las.

Agora, se as mãos estão vazias,
Nada impede, que delas você faça sua arma.
Sufoque de vez, o que não merece estar vivo em você,
E deixe o resto exposto para que critiquem ou batam palmas.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
13.12.2015
13:12h

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

POESIA: Dor é o que antecede a glória.

E a dor?
Esta que nos dá tanto sofrer...
Que muitas vezes aguda,
Não nos permite esconder.
E rasga nossa alma de forma abrupta
Ou serena e calma.

Não importa...
De alguma forma ela se revela,
Às vezes aparece forte e clara,
Outras na penumbra de luz lúgubre de vela.
Dor e tristeza, nomes diferentes...
Revelando coisas iguais e insistentes.

E a dor?
Mas a dor também é causadora de crescimento.
Nos diga aquele que aprendeu com a dor,
Dar mais valor a muitos sentimentos.
Aceitar a dor é exercício,
Por fim nela, é dever! O sucesso é nisto, o benefício.

Há quem se acostume ou até goste...
Claro que tentamos evitá-la e a olhamos de relance.
Dor da alma é dor constante que não se cala...
A menos que você, dolorido se canse,
Sinta-se mexido para mudar...
Tome o remédio, mas elimine a causa para a agonia não voltar.

Tem dor de traição, dor ódio, de ressentimento e de paixão,
Há dores por ciúmes, por bater com o dedo na quina do sofá,
Dor de ingratidão, dor que ainda não sentimos, mas sabemos que vai chegar.
Toda dor tem seu tempo, por isso não tenha medo, ela chega e não fica muito,
Se você não deixar.
Mexa-se, vamos lá.

Se não souber a cura para sua dor,
Vá pesquisar!
Tem umas que se curam com amor,
Outras com colo no sofá.
Algumas com um porre e outras que sozinhas morrem,
Antes mesmo que te façam chorar.

Por isso, aproveite sua dor,
Faça dela instrumento...
Que permita ser alicerce,
Para o seu posterior fortalecimento.
Se a dor for fraca, não a aumente com palavras,
Se for forte, deite na cama, por um instante, dobre-se, desdobre e se enrole.

Apenas não perca o tesão da luta,
Pois assim, será dono da vitória.
Orgulhoso de batalhas vencidas,
É o fim... A glória.
Meta a cara! Quem manda aqui é você...
Vai pra briga e manda a dor se "fuder"!

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
04.12.2015
15:18h.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

POESIA: Estalagmite e Estalactite

Pensei... Que eu seja estalagmite,
Formado por gotas de ocorrências.
Na mistura de incongruências,
Gotejando sobre meu apoio.

Mas que eu seja a forma colunar utópica,
Que se move e procura a cada vez uma goteira nova.
Fazendo de mim mesmo a prova,
De que é melhor ser formado pela diversidade.

Em meio a tudo isso, ainda quero ser estabilidade,
E com o ganhar da idade, possuir estatura,
Sendo forte e rígido, mais que a vida dura,
Para resistir às tempestades sereno, sem muito alarde.

Quero encontrar estalactites,
Que generosas comigo dividem suas misturas aos pingos.
E se houver gotas perniciosas, que as absorva e lapide meus instintos.
Completando minha formação, permitindo-me melhorar.

E se eu encontrar estrutura pendente e benevolente,
Que me concede motivos para versos e prosas,
Inspirando minh'alma a ser formosa,
Para trazer no momento certo uma virada de apoios.

Daí que eu saiba ao menos por um pedaço de tempo,
Ser aquele que desafia limites,
De ponta cabeça eu fique, como estalactite,
Para gotejar sobre alguma colunar ascendente.

Pois não quero apenas ser uma pedra porosa e sedenta,
Que suga e não compartilha,
Não sabendo gotejar em uma formação ou pilha,
E Guarde tudo dentro antecipando o fim.

No término, que todo o peso do que aprendi seja demasiado,
Que não me permita mais ficar agarrado,
E eu despenque ao chão, caindo estatelado,
Despedaçando-me como base para quem passar por mim.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
03.12.2015
10:53h.

Estalagmite - Imagem tirada do site: www.infoescola.com

Estalactite - Imagem tirada do blog: www.umaquimicairresistivel.blogspot.com

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

POESIA: Provando e Sendo Prova de Mim Mesmo.

Da minha infância tenho lembranças,
Que vez ou outra preenchem algum vazio.
Um espaço delimitado por meus traumas,
Crenças, expectativas e um ou outro desejo vil.

Saudosismo é mesmo a minha cara,
Mas só quando, por motivo de frustração, me sinto acoado.
Acoado por falhas nas conquistas de coisas,
Que eu cria necessitar ter para mim ou ao meu lado.

Outro dia, enquanto fazia minha arteterapia,
Recomendou o terapeuta, que eu trabalhasse a intuição.
Na tarefa que me foi dada, coloquei empenho...
Desejei colher os resultados, fossem eles bons ou não!

Então, percebi que tem de existir essa de bom ou ruim,
Quando você quer colher frutos na busca do equilíbrio, é isso!
Nesta busca, ambos os resultados vão favorecê-lo como gente.
Se entendemos isso, a paz consigo é resultado que a mente encara como compromisso.

Estou provando e sendo prova de mim mesmo...
Para ser quem preciso ser.
E como disse no começo, me reconheço nas lembranças do que vivi.
Tenho apreço, hoje, mais pelo ser do que pelo ter.

Ainda assim sei que terei o que me for justo,
E que me livre do contrário o acaso ou a sabedoria.
Pois o peso do que não nos pertence,
Pode durar sobre nós, mais tempo do que a gente suportaria.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
30.11.2015
11:35h.

Eu! - Poços de Caldas - MG. - Morro do Cristo. - Janeiro / 2015

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

POESIA: O que seria do Especial se o Comum não existisse?

Existe uma pequena forma de criar obras, que está nos confins da memória ROM...
Inacabadas obras armazenadas dependem da forma de criação.
E eu com meus devaneios que teimam em falhar. Falham quando mais preciso deles,
Mas hoje não há mais desespero, sei que trata-se de um dom.

Na verdade, existem obras inacabadas em minha mente barulhenta...
Inacabadas estão, pois não sou metódico, organizado ou perfeccionista.
Pego uma a uma sem sequência na medida que me apetecem,
Isso por que descobri recentemente, que cada obra tem um tempo de produção, umas rápidas outras lentas.

Ainda assim, sento diante de uma tela de computador,
Olho para as obras já iniciadas, releio com cuidado e escrevo centenas de palavras.
Percebo que sem a tal da inspiração, é só transpiração e as páginas ganham perfumaria...
O suprassumo criativo, realmente é lampejo ou momento... É paixão e não amor.

A paixão distribui-se por trechos aqui e ali, rodeada de amor e suor,
Que são o resultado da persistência, traduzidas em letras e frases no contexto.
A culminância não falta, mas por vezes me falha na mente onde usar.
Tudo bem, ainda tenho o ápice em meus delírios, se não o tivesse seria pior.

Acredito que seja assim em qualquer arte,
Em todo lugar, em qualquer parte deste vasto mundo da criação.
Pode ser assim com o escritor solitário, o músico escancarado ou latente,
Com o engenheiro ou arquiteto. É assim com todos que fazem o todo com pequenas partes.

Melhor assim...
Para que o extraordinário apareça o comum deve dar-lhe suporte.
Se não fosse o comum, do extraordinário decretada seria sua morte.
Melhor que haja o comum, para que o especial não tenha fim.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
26.11.2015
12:10h.

Photo by: Silvio A. C. Francisco - Ano de 2015


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

POESIA: Tragédia por tragédia, eu sinto muito pelas vítimas em todas.

Qualquer tragédia, por si só já basta.
Longe de mim entrar na torcida de coisa ingrata,
Não é preciso comparar...
Para decidir qual tragédia deixou mais pessoas arrasadas.

São cento e vinte mortos na França,
Cento e vinte vidas ceifadas.
Deslizou sobre os que sobreviveram,
Toneladas de desespero e lágrimas.

E no Brasil, meu Brasil de natureza há muito explorada,
De onde se tira o minério com tamanha voracidade,
Que passa-se a impressão de que para o povo não restará nada.
Mas o povo, a grande maioria, recebeu o salário pelo trabalho do dia a dia a troco de "amizade".

E se faltava algo ao trabalhador,
Que este cobre a dívida pela morosa justiça com seu melhor clamor.
Ainda assim não se engane, a justiça aqui para uns é punitiva,
Para outros é uma teta esterilizada e pronta para que se mame com "amor".

Qualquer tragédia, por si só já basta.
Longe de mim entrar na torcida de coisa ingrata,
Não é preciso comparar...
Para decidir qual tragédia deixou mais pessoas arrasadas.

O desleixo e a indiferença vem de todo lado,
Vem do governo onde permeia a corja de veados,
Onde saltitam fugindo aos montes, quando algo está errado.
Vem também de empresas gigantescas com diretores que fingem estar preocupados.

Que nos diga Bento Rodrigues, cidade inundada.
Mas não foi apenas lama que cobriu a coitada em um único dia.
Toda a imundície que rompeu a barragem, invadiu a cidade
E seguiu seu curso de desastre. É uma triste imagem carregada de ironia.

Quanta sujeira se escondem por trás de gigantes privatizadas?
Quanto se descobre ao vasculhar as lamas sustentadas por "barreiras" que seguram as propinas?
O que pode-se encontrar por trás de um dique de "construtoras"?
Que tipo de sujeira acumulada nos fundos de uma barragem esperam ser reviradas?

É uma pena, mas parece que neste mundo de hoje,
Muita gente vai morrer em nome de uma paz simbólica,
Vai-se matar em nome disso ou aquilo. Vai-se morrer...
Corpos sem vida vão se acumular. Dezenas de centenas de milhares, em nome de uma "paz caótica"...

Para o terror ou para os acumuladores de milhões de dólares,
O que vale é a "paz do medo".
Nela tudo fica em silêncio, desde que os mais fracos submetam-se aos "mestres",
Nela todos se calam, guardando histórias e segredos.

E não adianta reclamar! Engulam a seco! Todos nós, que acomodados estamos,
Devemos engolir e sentir a garganta sangrar. Nós mesmos, que brincamos quando deveríamos estudar.
Nós que achamos errado o furto do político, mas levamos vantagem sobre o outro.
Que gritamos palavras de ordem por termos colocado ladrões no poder, mas amamos quando o erro vem nos beneficiar.

Sabem a história do "aqui se faz, aqui se paga"?
Pois bem, a conta chegou, com os dez por cento do garçom e couvert artístico.
Mas alegrem-se, temos governantes que prezam pelo social. Tudo vai ser pago como gostamos,
Em suaves e infinitas prestações. Focando o valor fracionado, vamos seguir com ou sem trabalho, mantendo o ritmo.

Tragédias por tragédias,
Quem dera se uma dezena delas fossem cômodas.
Tragédia por tragédia, eu chego a uma conclusão triste...
Sinto muito pelas vítimas em todas.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
25.11.2015
20:19h.

Imagem Retirada da Internet: colegiosacramentinas.com.br

Imagem Retirada da Internet: www.brasilescola.com

sábado, 21 de novembro de 2015

Poesia: Tarde ou Cedo

Já é tarde... Penso!
Tarde para quê?

Para me alistar no exército, é tarde!
Para me achar sábio, é cedo!

Para ser um jogador profissional de futebol, é tarde.
Para dizer que já vi de tudo, é cedo.

Para querer outra mulher, é tarde!
Para crer que já sei amar em plenitude, é cedo.

Já é tarde e a madrugada ganhou da noite, faz tempo.
Quero ver alguém, então caminho até lá.

Ainda na porta do quarto, sinto o cheiro de madeira recém-trabalhada.
A cama nova, onde repousa meu presente, foi um presente.

Até para ele, que ainda vive o começo da vida,
Existe o tarde e o cedo.

Caso queiram saber, para ele, ser um bebê, é tarde!
Ser um homem feito, ainda é cedo!

Para ganhar um primeiro beijo de mãe, é tarde!
Receber o último beijo de despedida, está cedo!

Do primeiro suspiro, até o último há muito de tarde e cedo.
Ainda que tarde o sol, saiba que a noite não é a dona do tempo.

Mesmo para um piscar de olhos, corre o tempo.
O feito pode ser grande ou parecer pequeno...

Não devemos pensar que algum feito nosso não caiba ao seu momento,
Pois cabe a nós apenas o feito e a Deus, cuidar que ele encaixe no devido tempo.

Por isso algo velho é tão atual...
E muitas coisas novas são tão velhas como a lua ou o vento.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
22.11.2015
01:39h.

Photo by: Silvio A. C. Francisco

sábado, 31 de outubro de 2015

POESIA: Ideia...

A ideia surge,
Diz alguns que vinda de lugar algum.
Não creio nisso, não mesmo.
A ideia não pode vir daqui ou dali,
Do desconhecido,
Soprada pelo vento...

A ideia aparece,
E vem de um conjunto...
Ela vem com e vem junto!
Vem bruta e sem filtro,
Aparece com seu esforço,
Ou simplesmente de súbito.

A ideia vem,
Às vezes tão forte,
Que te faz de refém.
Não bate na porta e nem pede licença.
Chega e pronto,
Nada a detém.

Dizem os poetas,
Que ideias são sopradas por querubins,
Outros ainda dizem assim:
- Ideias florescem,
Desabrocham em meio a tosseiras,
Preenchendo a mente, que é seu vasto jardim.

Se sua mente estiver em forma,
A ideia não faltará.
Que bom que é assim,
Pois o homem enquanto vivo,
Pode confiar,
Ideia, é coisa sem fim.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
31.10.2015
11:29h.

Foto by: Silvio A. C. Francisco - Charqueada / SP - 31.10.2015


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

POESIA: Poesia é assim... Fazer o quê?

Ninguém dá a mínima,
Poesia não é algo que se leia...
Assim, como um romance...
Apelativo cheio de clichês,
Mas a poesia por si mesma,
Não é um clichê?

Ora, que tanto quer um poeta,
Que seus versos sejam lidos,
Vistos e neles depositem o pensamento?
Que tanto quer o poeta?
Quer aparecer! Diria o outro, "mané".
Vai ver que é!

"Põe a melancia no pescoço, poeta!"
Não! Não é esta notoriedade que nos motiva.
Não é este o desejo que nos empurra.
Queremos ser reconhecidos pelo texto,
Descido sobre o leitor, levemente, como uma pluma.
Ainda que as palavras sejam pesadas e densas como a bruma.

Que mal têm?
Que mal tem, gastar seu tempo, minutos?
Estimular seus sentidos, por através de versos.
Falo sentidos, pois pode-se no poema,
Estimular sentidos, dos mais diversos.
Fazê-lo sentir o toque sútil, de algo severo.

Gastei aqui um tempo meu,
Que não voltará!
Gastei aqui versos que ficarão presos,
Ou talvez serão soprados das bocas pelo ar.
Não sei, pouco importa? Também não sei!
Saberei eu, daqui a pouco, por onde algum verso andará?

Não tem como, mesmo querendo, não poderei vigiar.
Meus versos, grandes ou pequenos,
Irão para onde algum leitor desejar.
Caso não havendo leitor, estático vai ficar.
Ao menos ele está registrado,
Não apenas em minha mente, mas também em outro lugar.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
29.10.2015
23:01h.


Piracicaba - 2015 - Entardecer. Foto By: Silvio A. C. Francisco

POESIA: Os Chinelos Barulhentos

Por voltas e voltas,
Em minha cabeça.
Por vezes pensando mais que se deve.
Por voltas e voltas,
Na vida da gente,
Perdendo ou ganhando,
O que nos acontece?

De teorias da vida,
Já ouvi muitas e muitas,
Tantas que às vezes nem soube qual seguir.
Há quem pregue,
Que deve-se amar o que faz,
Que amando assim
Sua vida, em sucesso vai seguir.

Há quem diga
Que deve-se fazer o que ama.
Que poderás não ficar rico, mas estará sempre completo.
Eu que não sou perito nessas coisas,
Arrisco tentando o que me condiz.
E o que está de acordo
Está sempre mudando, mantendo-se inquieto.

Calcei meu chinelo
E saí batendo ele por aí.
"Chilep, chilep", fazia o chinelo,
Enquanto eu caminhava olhando tudo,
Mas não vendo nada. "Chilep, chilep, chilep",
A cada passo batia em meu calcanhar, chinelo barulhento
Na panturrilha fazia vento.

Apertei os dedos no chinelo,
Queria que parasse seu barulho, "chilep, chilep".
De nada adiantou, ele continuava...
Seu som parecia que ainda aumentava.
Então parei. "Chilep, chilep".
Como assim? Estou parado.
Eis que me ultrapassaram passos apressados.

Foi-se embora uma moça,
Com chinelo barulhento,
Na panturrilha fazendo vento,
Olhando firme para frente e de sacola na mão.
"Chilep, chilep"...
Passos apressados, pisando forte e séria.
Parecia que tinha pressa, mas na mente mil ideias.

Para quê um chinelo barulhento?
Pergunto eu, para quê um chinelo barulhento?
A discrição é um presente do silêncio.
Melhor descalço,
Do que na panturrilha fazer vento.
Olhei para meus pés calçados
Pisando sobre chinelos barulhentos e gastos.

Segui a moça de chinelos,
Eu já estava descalço.
Mais a frente um menino brincava na calçada.
Parou o que fazia e olhou para trás.
Saiu correndo o pequeno rapaz.
De encontro à moça ele foi direto...
Abraçaram-se, ele sabia que ela chegara, por causa do barulho do chinelo.

Um calçado velho, chinelo mole,
Que bate no calcanhar
E para o resto da planta do pé, terra engole.
Pode-se viver em discrição, com tênis ou sapato.
Mas aí nunca haverá na calçada de sua casa ouvidos atentos,
Que deixarão o que fazem para dar-te abraço.
Vale a pena chinelo barulhento, para em troca ter o melhor dos momentos.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
29.10.2015
12:53h.



Foto by: Silvio A. C. Francisco - Pés do meu filho. - Charqueada / SP - 29.10.2015

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

POESIA: Concretizar Sonhos Requer Perdas.

É... Por muito tempo deixei coisas de lado,
Olhei primeiro para quem estava do meu lado,
Até para quem estava em pensamento ou presença...
Não que isso não me fizesse bem,
Mas chega um momento que outras coisas fazem a diferença.
Por isso aos poucos tentei largar velhos costumes,
Jogar fora o que não servia mais,
Para disso me tornar imune.

Eis que tudo em minha mente
Agora está diferente.
Ser feliz hoje, não é como antigamente.
Eu ainda preciso de coisas que sempre precisei,
Mas o jeito de usá-las é que insistentemente eu mudei!
Por isso às vezes me pego em silêncio,
E pareço estar de pensamento longe.
Isso tem acontecido muito, sei que não é de hoje.

E vamos lá, lutar contra um adversário poderoso,
Que acha conhecer os seus limites,
Por isso brinca com sua mente entra e sai sem convites.
Te faz lembrar de derrotas que nada tem a ver com o momento,
Mas fazer o que, se ele habita suas ideias, vontades e pensamento?
Continuar desafiando a si mesmo,
Ainda será o que vai garantir-lhe as melhores batalhas.
Afinal somos nossos maiores obstáculos, culpa da mente canalha.

Sentir a insegurança daquele que tem medo da sua falha,
Não é fácil, afinal também é por esses que você se arrisca na navalha.
Ainda assim, espere um tempinho, a mente vai se realocar,
Sinta-se pequeno, Amargurado e até derrotado...
Mas no fundo você também sabe que de verdade derrotado, não estás.
Ninguém vai soar o gongo nem jogar a toalha,
Ambos estão em suas mãos...
Só você poderá decretar de vez sua derrota, sua derradeira falha.

Vai levar tempo para chegar lá?
Aproveite, o tempo e o trajeto, que de belezas e aprendizados são repletos.
Vai virar deboche dos incrédulos?
Use a fraqueza da alma deles como seu combustível e mantenha o tanque repleto.
Vai perder companheiros na caminhada?
Que seja, há pesos que não podemos levar conosco em algumas jornadas.
Vai sair sorrindo e chegar chorando?
Temos mesmo de aprender em quais momentos abandonamos sorrisos para dar lugar a prantos.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
28.10.2015
14:18h


Imagem: By Toco Alves

sábado, 24 de outubro de 2015

POESIA: A Cama, Seja Qual e Que Cama For.

A cama pode ser de madeira,
De vara ou de lastras de couro...
O colchão pode ser de molas,
De palha ou Espuma. Pode não haver cama,
Pode existir juntas, mais de uma.
Talvez seja apenas um pano,
Acolchoado estendido sobre o chão,
Que pode ser de concreto,
Piso cerâmico, terra ou vermelhão.

Tem cama que te abraça quando deitas,
Afundando seu corpo em um côncavo.
Outras são rígidas como pedra...
Que o fazem sentir os ossos do corpo,
Seja do quadril, nuca ou costelas.
Faz lembrar que a vida é dura,
E carregada de paúra.
Porém cada dia que termina,
Deixa uma promessa.

Seja qual cama for,
Se confortável em quarto decorado,
Se alocada no relento,
Onde o vento entra sem ser convidado...
Se for grande a cama,
Onde cabe nela coisas do presente, futuro e passado,
Se for pequena e estreita,
Que se deita melhor estando de lado.
Pode ser sua ou de alguém emprestada.

Tudo pode para que sua cama exista,
Tudo pode para que nela,
Se dê o momento de findar um tempo.
De começar outro, que te fará novo.
Seja sono longo e muitas horas depois
Ou só um pequeno sono breve.
Pode ser no banco da praça,
No canto de um prédio ao lado de uma pilastra.
Pode até ser sóbrio ou inundado de cachaça.

Que nunca lhe falte cama...
Melhor ainda se nela estiver alguém.
A não ser que prefiras dormir só,
Pois ruim também não me parece.
Já que melhor vais aproveitar o espaço que a cama lhe oferece.
Se um cantinho qualquer for sua cama,
Indiferente de onde estejas repousado.
O importante é ao final da jornada,
Repousar tudo que carregou no dia, tranquilo e sossegado.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
24.10.2015
17:45h.



Foto by: Silvio A. C. Francisco - Meu filho dorme! - Charqueada / SP - 2015

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

POESIA: O Jasmim e Sua Parte na História.

Lá nos fundos do jardim
Há um arbusto de jasmim.
Sempre que o visito
Imploro que sorria para mim.

Seu odor é mais do que parecia,

Todos, seu cheiro, sentir mereciam.
Não poderia ser diferente,
Pois és aroma pilar da perfumaria.

Jasminum, em sua família muitos há.

Costumes delicados, incluíram-no a hora do chá.
Assim é feito na China,
Mas não sei se o costume se repete em outro lugar.

Lá nos fundos do jardim

Há um arbusto de jasmim.
Eu sempre lembro dele,
Adoraria saber que ele se lembra de mim.

De aroma adocicado, já perfumou amor anônimo.

Adornou o barco, que rumou até Marco Antônio.
Há quem diga que Cleópatra, do odor das flores, encheu as velas do navio,
E foi encontrar seu amor, assinando assim, sua nau usando o ortônimo.

Lá nos fundos do jardim

Há um arbusto de jasmim.
Exalando seu cheiro na noite,
Lembra-me que mais um dia chegou ao fim.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
21.10.2015
10:51h.




terça-feira, 20 de outubro de 2015

POESIA: A Beleza de Algumas Coisas

A beleza da simplicidade
Em nenhuma sofisticação cabe.
A beleza da verdade
Exige que se seja por inteiro,
Nunca pela metade.

A beleza da ingenuidade
Sempre se renova e corações invade.
A beleza de um impasse
É o que estimula o curioso
Matando ou inutilizando o covarde.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
20.10.2015
17:24h.





Fotos By: Silvio A. C. Francisco - Brotas - Hotel Fazenda Areia que Canta -
    Endereço: Rodovia Engenheiro Paulo Nilo Romano (SP-225),
    Km 124,5 - Zona Rural, Brotas - SP, 17380-000
    Telefone:(14) 3653-1382

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

POESIA: Ficus Elastica

Com as raízes se firma,
Vais crescer...
E raízes sendo importante,
Estará rodeada delas, compridas aéreas.
Quão bela é você!

Aqui, em terra fértil,
Que não é a natal de sua família,
Fincaste os teus muitos pés...
E sinalizaste que desta terra não é, mesmo a contento.
Rareando os frutos e o seu verdadeiro comprimento.

Ainda assim, não sois egoísta...
Alarga-se e monta sua grande copa.
Generosa nos concede sombra.
Este sim, um fruto já não raro...
Que todo mundo gosta.

Símbolo de contínua evolução.
Lança tuas raízes no ar,
Por tempo estas dançam ao vento,
Até que encontram o chão,
És sábia, envelhece, mas se fortalecendo.

Sei que noutro país,
Aquele jardim plantado à beira-mar,
Já foste apontada como sinal de falta de sorte,
Me pergunto como podem queridos portugueses...
Denotar a tão belo espécime a alcunha de azar?

Que nada, evidente... Se fostes de azar,
Não acolherias tantos homens em tua sombra.
Refrescando-se dos raios ardentes.
Eu mesmo, nela dormi e vi dormirem,
Acordando depois revigorados e contentes.

Saiba que é bom ter em sua volta...
Esteiras ao chão, espreguiçadeira ou colchão,
Redes que balancem ou não.
E aos que deitarem nestes lugares, felizes serão.
Basta olhar para sua copa e passar a amar ou cultivar uma nova paixão.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
19.10.2015
11:52h



Fotos By: Silvio A. C. Francisco - Brotas - Hotel Fazenda Areia que Canta - 
    Endereço: Rodovia Engenheiro Paulo Nilo Romano (SP-225),
    Km 124,5 - Zona Rural, Brotas - SP, 17380-000
    Telefone:(14) 3653-1382

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

POESIA: O Lago dos Biris

Deslizando pela superfície d'água,
Alongados e tranquilos.
Tantas vezes passei ao lado do lago,
Poucas vezes vi aquilo.

Olhando-os passeando
Um misto de vontade e medo
O lago que para nós é paisagem,
Para eles é brinquedo.

Mas nem somente disso serve o lago,
Ele provém alimento à biota,
Recorrem ávidos para um banquete.
Sem precisar de uma exuberante fatiota.

Que bom, querido lago, Está aí...
Não somente para sustentar águas em embalo
Mas provem de ti, o sustento da vida.
Tanto aos que buscam em ti comida, como suspiros apaixonados.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
14.10.2015
11:15h








Foto por: Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP - Lago dos Biris
- 2015 -

terça-feira, 13 de outubro de 2015

POESIA: Pra quem anda...

Quem anda descalço
Em asfalto quente,
Sabe das bolhas que vai ganhar.

Quem anda firme
E vive honestamente,
Conhece onde quer chegar.

Quem anda sozinho
Porque prefere
Entende quanto o outro lhe interfere.

Quem anda sem rumo
E não sabe onde deve ir,
Não pode muito esperar.

Quem anda
Pois parado não fica
Ainda que se canse, encontrará um lugar.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
13.10.2015
19:04h.
Foto por: Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP - Lago dos Biris
- 2015 -

domingo, 11 de outubro de 2015

POESIA: Soltura

Ocorre que a soltura foi o presente.
E saiu solto como algo que jaz latente,
Cheio de soltura em movimentos livres.
Nos olhos adornados de olheiras...
Via-se como a alma judiada estava contente.

Bateu o pó da barra das calças.
Estava descalço... Fazia pouco tempo.
É que antes em seu encalço estava o dono do medo...
O ser que empunhava nada, ainda assim, tudo se sustentava nele...
Quem mandava e desmandava, gritando, apontando e dizendo.

Lá sempre teve e terá hierarquia...
É relevante que assim seja para manter a ordem imprimida.
A ordem do caos, que uma chama mantém acesa.
Se uma voz alta entoar gritos de guerra,
Melhor que se mantenha audível e firme para evitar ser reprimida.

Mas tudo isso ficou para trás!
Não! A primeira impressão, não será a que fica.
Arranharam seus sonhos e sua mente.
As marcas serão mais que lembranças...
Elas serão avisos, comunicados, uma dica.

Bateu o pó da barra das calças.
Os chinelos foram perdidos em uma briga.
Olhando por sobre os ombros viu um mundo cinza...
Sentiu cheiro de mofo que ainda trazia lembranças doloridas.
Um lugar que guardava almas, carne, ossos e muitas intrigas.

Balançou a cabeça em negativa, rejeitando a própria história.
Mais a frente ele vai saber que ninguém tem esse poder.
A história é entalhada na mente.
Coitada da pessoa, indefesa e desavisada
Que gastar energia tentando esquecer.

Ainda que tenha batido o pó das calças,
Somente o que está na superfície vai soltar-se...
O que ele não entende, mais vai aprender
Parte do pó já foi inalado. Vai levar consigo até o fim, meu caro!
Sabendo ou não que melhor será se você for o que tiver de ser.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
11.10.2015
20:52h.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

POESIA: Só Para Quebrar a Rotina

Só para quebrar a rotina,
Encaixei os pés na terra e na grama.
Procurei encontrar uma piscina,
Mas achei uma poça de lama.

Nada sutil eu pensei...
Para um homem com mais de trinta.
Inclinei meu corpanzil para frente
E da lama fiz uma tinta.

Primeiro com o pé direito,
Só a planta dele foi se lambuzar,
Depois com o esquerdo,
Por inteiro o fiz mergulhar.

Sai andando na terra,
Acumulando uma crosta de sujeira,
Havia nela muita coisa,
Mas a mais importante era a brincadeira.

Voltamos a ser criança,
Sempre que nos permitimos
E realizamos desejos enganosamente banais
Que tanto reprimimos.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
09.10.2015
10:58h.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

POESIA: Lugar Divino.

Uma sombra fresquinha,
Centenas de árvores há.
Em um lugar que a rotina
Não consegue chegar.

O barulho da água correndo
Descendo pelo ribeirão.
E os pássaros cantando,
Cada um a sua canção.

É sempre bom ver crianças,
Brincando e correndo na grama.
Aos olhos atentos se divertem...
E deixa feliz quem os ama.

Passar a tarde inteirinha,
Regada de comidinhas e mais,
Sentindo a brisa mansinha
Que traz consigo a paz.

Eu falo de um lugar específico,
Mas sei que você está...
Aí pensando em seu sítio
Ou algum outro lugar.

O importante é lembrar,
Que você tem seu recanto
Onde faz brotar amor do peito,
Deixando a ti um encanto.

Espero que se empolgue
E vá buscar o desejo
De estar no seu paraíso
Aproveitando o ensejo.

Assim que lá estiver,
Não esqueça de agradecer
A quem você acredita,
Que seu obrigado vá merecer.

E se houver uma rede,
Que possa te embalar,
Não pense mais do que duas vezes
Para seu corpo deitar.

Caso a rede não tenha,
Estenda um grande lençol
Na sombra que melhor te apeteça,
E te proteja do sol.

Escolha um bom livro ou música,
Que capaz, seja de te encantar.
E depois que aproveitar um pouco,
Os olhos poderá fechar.

Se for possível pegar no sono,
Deixe ele lhe tomar
Como toma as areias,
A salgada água do mar.

Quando despertar do repouso,
Aproveite para fazer
Uma pequena caminhada
Que a mente vai se restabelecer.

Eis que um lanche é o ideal,
Então faça sua refeição,
Apreciando a natureza.
Preparando seu coração.

Pois chega a hora da partida.
E o jardim dos prazeres deixar.
Recolha todo seu lixo,
Mantenha lindo o lugar.

Agora reúna a todos,
Conferindo se está tudo bem.
E finalmente se despeça
Do lugar que te fez tão bem.

E para não ficar tão triste,
Lembre-se que você
Está indo embora agora,
Mas o paraíso continuará pronto para lhe receber.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
06.10.2015
12:38h.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

POESIA: A Despedida e a Partida

Quando sair, meu amor...
Me deixe um beijo
Sobre uma página em branco.
Me deixe a vida
Bagunçada pelas cores das flores do campo.

Quero lembrar a cada dia...
Que com minhas mãos
Já toquei a sua face
Tantas vezes ao longo da vida
Que a descreveria fácil caso alguém perguntasse.

Não é fácil uma despedida,
É difícil se for apenas por alguns dias,
E me aperta o peito a saudade.
Pensando na dor da sua partida,
Me vem a cabeça a palavra: Eternidade.

Em agrado a ti, querida...
Comprarei um vaso com orquídeas.
Uma flor que na beleza tem a medida
Da sua força e lealdade,
Mas que ainda não trará cura a esta ferida.

Deixe estar, minha mulher!
Ainda que eu perdure por um tempo
Sobrando na nossa vida.
Estarei contando os dias
Em que alguém também sentirá minha partida.

Por hora, vou embora e me afasto...
Sabendo que o reencontro é uma dúvida.
O que me consola é o que vivemos.
Desafiamos o tempo e algumas lógicas,
Sem estagnarmos diante dos medos.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
30.09.2015
01:34h.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

POESIA: Os Passos Dados...

Façamos uma brincadeira,
Não é exatamente precisa,
Usaremos então uma informação
Retirada de uma pesquisa.

De três a quatro mil passos,
Estima-se que andamos por dia,
Logo se começamos a andar com um ano e meio,
Aos vinte anos, pela média, teríamos dado passos a que quantia?

Não se preocupem, não precisam pegar a calculadora,
Relaxem onde estão, continuem com o poema,
23.633.750 passos teríamos dado,
Eis que isso me fez imaginar uma cena:

Juliana, você deu muitos passos,
A grande maioria firmes, outros vacilaram.
Não há problemas nisso...
Todos somos assim. Isso, os sábios nos falam.

Mas direcione seu pensamento um instante,
Pense consigo mesma,
Quais passos fundamentais?
Quais? E quais já lhe causaram tristeza?

Veja como a vida é generosa,
A tristeza tem sua importância,
Mas jamais vai superar a alegria,
Que vence barreiras cerebrais, desde nossa infância.

Pois guarde o número que vou te mostrar:
27.466.250. Número importante,
Pois neste número de passos, você viu o Wesley.
Foi a primeira vez, nunca tivera feito isso antes.

Certamente o último passo desta quantia demonstrada,
Não foi vacilante, deveras fora firme, com o peso de sua vivência.
Este último passo era fincado,
E também pudera, já não era passo de adolescência.

Sábia, sabe o que quer.
Uma mulher, iniciada na arte de ser.
Que deu antes passos importantes,
Para finalmente aos olhos de outro se reconhecer.

Mas acalme-se,
Não se empolgue tanto.
Vou dar um tempo para você.
Recupere-se dos sorrisos ou até de um possível pranto.

Vamos voltar nossas atenções ao moço,
Este que de certo está ansioso.
Wesley, meu amigo, vamos voltar no tempo...
Não vai ser tão difícil, afinal, você ainda não é um idoso.

Falemos do primeiro...
Seu primeiro passo, foi muito importante...
Acompanhado por olhos atentos,
Cativos e brilhantes.

Certamente arrancou sorriso,
Da mulher que sabemos, foi importante.
Você não se lembra,
Mas ela, a mãezinha, sabia e sabe a força daquele instante.

Vamos dar um salto agora, bem mais a diante.
Lembrar do passo aproximado, já na casa dos milhões...
Passo importante em sua vida,
Penso eu, cá com meus botões.

E o número é em torno de:
27.210.750, um numero grande,
Importante, expressivo,
Muito embora, não seja assim tão preciso.

Pode variar... E varia...
Como a vida, com seus declínios e méritos.
Afinal de conta, pode ser mais, já que...
Seus passos já serviram nosso exército.

Um relacionamento é saudável quando tem comunicação.
E vejam só que ironia, fato interessante e curioso.
Um lugar, que vende isso a seus clientes,
Serviu de palco para o início, do que hoje é amor glorioso.

Mas a partir de agora, seus passos, claro...
Serão outros! Diferentes.
Serão mais pesados, pois são somados,
Mesmo quando um estiver ausente.

Pois meus amigos, primos,
Queridos de coração,
Peço que fiquem de frente, um para o outro.
Por favor deem as mãos.

Diante de cada um, saibam, daqui muitos anos
Não serão mais os mesmos. Ambos estão diante de um amor representado.
A mudança vem com o tempo,
O que não deve esmaecer é o sentimento de sentirem-se um pelo outro amados.

Pois bem, sintam-se a vontade,
Agora já sabem dos passos mais pesados,
Na areia do tempo, as pegadas serão mais profundas.
Além dos pesos somados, haverá experiências do passado.

E quanta alegria nos dá ver um casal assim tão jovial.
Que se fortaleçam um com o outro, ao passar dos dias seus.
E para findar esta estrofe e poema,
Só posso pedir, humildemente que sejam agraciados pela benção de Deus.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
15.07.2015
40.396.000 passos dados.

Photo by: Silvio A. C. Francisco - Wesley & Juliana - Piracicaba / SP - Rua do Porto - 16.10.2015
Photo by: Silvio A. C. Francisco - Piracicaba / SP - Rua do Porto - 16.10.2015


POESIA: O Rio Raso

Um rio de águas rasas,
Pedras rasgando a face d'água
É o que parecemos...

Quando tentamos esconder
Abaixo de um lençol fino
O caráter reprimido que precisa aparecer.

Condenamos no outro
Aquilo que somos.
Assim nos indispomos.

É difícil ver as pedras rompendo a água.
Ela deveria fluir por seu caminho sobre mim.
Não era esperado que viesse me condenar.

Queremos ser profundos,
Mas aos olhos atentos e não tão raros...
Somos mesmo um rio raso.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
28.09.2015
16:22h

POESIA OU MÚSICA: Depois do Mar

Quando as nuvens cobrem o sol
É o começo das lembranças...
Quando a chuva molha o chão...
É o prelúdio da esperança.

Se a vida renovar,
Sabemos da oportunidade
Quem nunca andou sozinho
Por lugares da cidade?

Refrão
Quero tanto ir... Te buscar...
O passado que é presente
Está depois do mar. (2x)

Ainda me comove
Lembrar você partindo.
Um lugar tão longe
Vai ganhar o seu sorriso.

E eu aqui,
Vivendo do passado,
Recobrando os sentidos
Por um dia ter sido seu namorado

Refrão
Quero tanto ir... Te buscar...
O passado que é presente
Está depois do mar. (2x)