quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

POESIA: O Poder Dentro de Mim.

Estou sentindo,
Posso até chorar,
Deixando-me levar pela emoção.
Tem uma força dentro de mim,
A ponto de causar uma explosão.

Dizem que o poder,
Nas mãos erradas, causa destruição.
Por isso mantenho o que é mais forte,
Dentro de mim,
Latente como meu coração.

Pois não confio totalmente em mim,
Pudera, afinal...
Nem mesmo confio em minhas próprias mãos.
Que tantas vezes já me traíram, tremendo,
Quando deveriam servir de pilão.

Mas se há tempo para manter-se vivo,
Há tempo certo,
Ponto crucial e outra ocasião,
E neste ponto, bem neste momento,
Estarei pronto. Levantadas e fechadas estarão minhas mãos.

E o poder que guardo em mim,
Será a energia que tensionará meus músculos,
Serei agressivo como vespa e pura tensão,
Tremerão os que me odeiam,
Aos demais, trarei comoção.

Posso perder a batalha,
Posso perder a guerra,
Posso perder minha mente sã,
Mas ganharei a honra
Pelos princípios que desagradarão aos guerreiros de lutas vãs.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

POESIA: Confissão do Apegado.

Eu, com algumas coisas guardadas.
Desde muito, que não as olho com calma,
Ainda assim quando vejo, mesmo que de relance,
Me recordo por um instante, que delas devo me livrar.

Coisas antigas, velhas mesmo, que um dia já me serviram,
Hoje sou eu que as sirvo.
Por medo, conveniência ou comodismo,
As mantenho em bom lugar.

Vez ou outra me aparecem coisas novas,
Importantes e promissoras,
Que carecem de espírito juvenil e aventureiro,
Para saber aceitar e usar.

Mas reclamo que para tais novidades, falta espaço.
Me entristeço e cruzo os braços
E de queixo tremendo,
Faço força para não chorar.

E o tempo passa...
Com ele, vai-se a graça, da novidade abraçar.
Velho, resmungo. Crendo que no mundo, nada, é muito.
E muito, não cabe mais em nenhum lugar.

Por isso, sempre sonho e sonho,
Parado, com meu distante olhar.
Penso... Um dia terei isso ou aquilo,
Estarei ali ou lá.

De certo serão sempre sonhos,
Pois desperto, volto a resmungar,
Com meu espaço ocupado de coisa velha,
Sigo dispensando as novas que eu deveria aceitar.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
17.11.2016
10:32h.



RECOMENDO QUE LEIAM O TEXTO DA PSICÓLOGA: ADRIANA FEIJÓ, SOBRE O BENEFÍCIO DO DESAPEGO NA VIDA DAS PESSOAS - LINK ABAIXO:

http://www.personare.com.br/desapego-pode-sinalizar-equilibrio-emocional-m5205



- Photo by - Página: http://www.fasdapsicanalise.com.br/lei-do-desapego-aprenda-a-praticar-a-liberacao-emocional/ -

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

POESIA: Explanação Sobre a Saudade

Do que é feita a saudade?
Feita é, de lembranças boas,
Que podem ser um simples cheiro,
Ou mesmo até, do gosto da sua boca.

Saudade do que não se pode mais ter,
É barco, que boa parte do rio já transpassou,
Mas ainda deseja molhar o casco
Em águas que já o levou.

Já saudade do que se pode reviver,
É ansiedade difícil de acalmar.
Tal qual o sal na medida certa,
Deixando mais saboroso o prato a se saborear.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
14.11.2016
10:219h.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

POESIA: ALGUMA NOBREZA

Na caridade, encontra-se muito.
Mesmo que feita pequena,
O feito é grande,
Que acalma o acalantado
Em seu penoso instante.

Aos olhos do mundo,
É herói o caridoso.
Doador nobre,
Rico que doa pouco,
Porém é maior, mesmo que pequena, a doação daquele que é pobre.

Tirar do muito que se tem,
Um pouco que lhe convém,
Para mostrar ao público sua honradez.
É algo que diminui o tamanho do feito.
E aumenta a sua pequenez.

Não é o tamanho da doação...
Bem verdade...
Se tem a sua o dobro da minha,
Ou ainda comparada com a de outro,
Só a metade.

Doação se mede pelo silêncio do gesto.
Doa mais quem doa sem alarde,
Aquele que doa mais, é o que faz quieto.
Ainda assim, para quem recebe,
Ser grato, sempre, é o gesto certo.

Contudo, é bom saber:
Pouco importa o tamanho da doação,
Menos importa a sua grandeza,
Já que doando sempre, teremos sempre a chance
Mesmo que divergente, de alcançarmos alguma nobreza.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
26.10.2016
10:11h.

domingo, 9 de outubro de 2016

POESIA: Militar, Respeitar e Celebrar as Diferenças.

Dentro de cada gesto de protesto,
Um sentimento de indignação.
Embutido em cada extremo militante,
O medo ignorante.

Cravado no peito de cada extremista,
A invisível bandeira do abandono...
Abandono social, o deixar de lado fatal,
Que para ser compensado, rebela-se a favor do mal.

O mal, tal qual o maior que sofreu.
Maldade que o fizeram antes,
Hoje, retribui sob a capa e bandeira de suposto pioneiro,
Que outros teceram, para ter poder e dinheiro.

Enquanto matam e se matam,
Por isso, aquilo, por aqueles e pelos conceitos,
Continuam em pé e fortes os mestres da manipulação.
Condenando a morte e ao fracasso os fracos sem compaixão.

Militar pelo bem, é por bem militar.
O verdadeiro bem é cru e não o mal que eu maquiei.
Militar certo é fazer pelos ideais,
Respeitando a vontade e as crenças dos demais.

O que creio, por mais que me pareça a única certeza,
Jamais, em momento algum,
Deve ser empurrado para cima de alguém.
Para as diferenças e diferentes, respeito. É só o que convém.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
09.10.2016
10:57h.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

POESIA: O Brilho Champanhe

Dias atrás, desisti de alguém,
Que sugava minha vitalidade.
Mesmo ainda jovem,
Eu parecia ter mais idade.

A partir daquele dia,
Nossos bons instantes,
Viraram estrelas no céu.
Querendo recordar, olhava eu, para os pontos cintilantes.

E não é que em outro tempo,
Vislumbrando o céu estrelado,
Me deparei com um brilho mais forte.
Para um passeio no passado, fui levado.

Ainda estava tudo tão nítido dentro de mim.
Bastou o brilho de uma estrela,
Para me deixar saudoso,
Esquecendo das feridas, enlouquecido, desejei vê-la.

Mas algo dentro de mim gritava...
Eram palavras de aviso.
Meu coração, não queria ser enganado,
E a todo o momento me lembrava dos riscos.

Mas o brilho champanhe me deixou enebriado.
Deitei, queria ver melhor aquele ponto luminoso.
E logo me sentia atraído novamente por você.
Já o coração, continuava avisando que era perigoso.

Após muito observar
E estar convencido de que deveria te procurar,
O Sol resolveu nascer,
Fez o brilho champanhe apagar.

Com ele foi-se embora o devaneio.
E tudo mais que fazia me enfeitiçar.
Das estrelas, ponderarei ao olhar, sempre!
Por que descobri, que me lembram seu olhar.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
14.09.2016
10:04h.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

POESIA: O Que Queres?

A despeito de eu não querer,
Sentir as dores do mandamento.
Teimo, insisto e até me apresso...
Pedindo por aprimoramento.

Dobro o joelho e me dobro,
Ou simplesmente deitado,
Antes do sono, quando às vezes
Sinto-me privilegiado, outras um coitado.

E nesta de como me sinto,
Agradeço, mas continuo pedindo...
Ainda me ponho a pensar se Ele,
De fato está me ouvindo.

Forte é a fraqueza da alma,
Que assola os pensamentos...
Me fazendo vacilar na crença,
Tentando perpetuar este indigno sentimento.

Mas me lembro... "Aprimoramento".
Já percebi e compreendi, é a sina da espada.
Coisa certa é que,
Para ser forte, tem de ser forjada.

Vai no fogo, depois repousa...
Sobre a bigorna é que te deitas,
Pra levar as marteladas, golpes que lhe acertam,
Te farão espada quase perfeita.

Então já não reclamo dos contratempos.
Sinto as dores, me abato e suplico ânimo.
Esmorecer pode,
Mas não permanecer neste âmbito.

Como poderia, afinal
Pedir por crescimento,
E quando me é dada a chance,
Reclamo do momento?

Quer ser forte,
Quer ser espada certeira e afiada,
No entanto chora e reclama,
Ao bater das marteladas.

Aprenda a querer,
Para isso aprenda suportar.
Só assim saberá de fato, ter e ser.
Aprenda, não por aprender, mas para merecer.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
09.09.2016
14:43h.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

POESIA: Quem é Dono de Quem?

Da caridade,
Espero precisar apenas
Ser o caridoso,
Que concede em gesto nobre,
Aquilo que o carente necessita.
Se dá assim, um gesto honroso.

Mas da caridade,
Já fui muito, o carente,
Que por momentos inúmeros,
Aguardei do caridoso
Aquilo que me fazia falta...
E recebi das plantações doutro, os frutos.

Nada... Nada como a necessidade,
Para aprimorar a humildade.
Nos ensinar sobre nobreza.
Quem é maior que a vida?
Quem, que de tão grande, enquanto passa por ela,
Jamais aprecia seus momentos de beleza?

Assim como a vida, o ser.
O ser, que como a vida, tem sua grandeza,
Sua importância e também carrega sua beleza.
Ainda que em momentos ordinários,
Advindos da canalhice do próprio ser...
Há sempre uma oportunidade de grandioso, se fazer.

Para tal... Para que seja imenso...
Terás de ser pequenino,
Mostrando aos olhos menos atentos,
Ser fraco e ingênuo.
Doando àquele que usualmente se condena,
Provando seu desprendimento.

Assim será o mais forte.
E ai daquele que ousar testar sua força.
Pois tudo na vida... Aquela maior que todo o resto.
Tudo nela, conspirará a seu favor.
E a brisa que sopra em sua face,
Tornar-se-a tempestade, na cara do falso modesto.

Se fizeres, faça e cale-se.
Se te pedirem e puderes ajudar,
Ajude, sem murmuria e reclamação.
Faça, por que é gesto de bondade.
Não por que queres mostrar a todos que é bom.
Doe, sem antes reclamar de sua condição.

Lembrando que, se tens para doar...
Ainda que seja pouco,
Significa que mais do que precisa, tens.
Logo, a abundância habita sua vida.
O proprietário é quem tem o controle...
E mostra aos bens quem é dono de quem.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
05.09.2016
10:59h.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

POESIA: De Onde Vem a Tristeza Profunda?

Na terra da rainha,
Dizem que a tristeza,
Vem das nuvens carregadas,
Que quando choram,
Fazem mais
Do que deixar pessoas molhadas.

E dos olhos
De quem já não mede mais seus bens,
Muito escorre para nada.
É o que pensa o portador da dor,
Que não vê em coisa alguma,
Algo, que de fato lhe valha.

Por isso a morte é convidativa,
As sombras parecem uma cama,
Que muito engana o desesperado.
Coitado, mal sabe que seus desejos,
Ainda que nefastos, tratam-se de recados...
Do inconsciente enfadado.

Desenterra de ti, tudo que está latente.
As pendências deixadas para trás,
Continuarão latentes. Não se esqueça...
Elas aguardam serem tratadas.
Vai ser sempre mais fácil,
Com a ajuda do montador de quebra-cabeças.

Por isso, seja a depressão, qual for.
Seja tristeza, fraqueza ou dor.
Esteja ela calcada no ódio ou amor,
Causada por um desconhecido,
Alguém próximo ou que esteja contigo.
Suas respostas com a terapia, vão desabrochar como flor.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
02.09.2016
16:01h.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

POESIA: Vamos Celebrar Seu Dia.


Antes de começar a poesia, quero mencionar que a fiz rapidamente no improviso, como num sopro. Ela é para um amigo que faz aniversário hoje (30.08.2016). Welington Cristiano Medina. Um cara que me ensinou muito na vida e ainda me ensina. Mais que um amigo, na verdade um irmão.
Parabéns Medina. Deus o abençoe muito. A poesia é simples, como nossa amizade.

--

Vamos celebrar mais um dia,
Mas não é um dia como outro.
Hoje é dia de homem feito,
Que ainda tem muito por fazer pelos outros.

Vamos dar graças,
Pois é nítida a evolução.
Homem que dá orgulho aos que o conhece,
E preenche da alegria nosso coração.

Cresceu e ainda cresce.
Se faz firme e denota força e finca-se em pé,
Mesmo quando padece...
Tudo isso é fruto da fé.

Quem pode estar a seu lado,
Sabe do que digo.
Ontem era um,
Hoje és outro, meu amigo.

E como é reluzente,
O brilho de tua alma.
Sabe quando dar força a outro,
Mas também é sábio para proliferar a calma.

Dono de certezas,
E delas tentas convencer aos demais.
Não tenho dúvida de sua força,                        
Força esta que orgulha seus pais                        

Não há dúvida,
É seu, o dia.
Mas sou eu quem ganho o presente.
Pois mesmo quando estás longe, sinto sua companhia.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
30.08.2016
11:21h.

POESIA: Erro do Outro e o Erro Meu.

Tanta determinação,
Para provar,
Que o erro do outro é maior,
Então, é merecido condenar.

Normal, justificar nossos erros.
Dizer ao próximo que você não é santo,
Mas não erra como o outro.
Na verdade, todos erramos, e erramos tanto.

Triste, é esta falta de humildade.
Desejamos ainda, sentirmo-nos forte...
Apontamos defeitos dos que nos cercam,
Com dedos duros de morte.

Até quando?
Até quando vamos continuar soberbos?
Será que é só falta de humildade?
Ou haveria de ser também, o medo?

Não é por falta de bons exemplos.
Existem vários deles na literatura,
E tantos outros, surgem diante dos nossos olhos,
No trabalho, em casa e na rua.

O que nos falta... O que nos falta de verdade,
É olhar mais para a realidade e do outro ter compaixão.
Pois quando ele erra, basta lembrar,
Que todos erramos e somos dignos de perdão.

No entanto,
Não sejamos inférteis, solo duro e seco.
Farei a prece para que quando errarmos
Aprendamos com nossos erros.

Com isso, nos tornemos mais sábios,
Menos medíocres e ainda, menos cínicos.
Que de nós floresça a tolerância,
Renovando-se em minutos cíclicos.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
30.08.2016
09:48h.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

POESIA: Rouba, Mas Faz?

Ainda há...
Pessoas que sorriem sem parar.
Oferecem o mínio para te comprar
E apertam sua mão em gesto firme,
Desejando enganar.

Por que será?

É por que ainda há,
Tamanha ignorância para aceitar,
Ser enganado por gente má,
Que compra seu voto por migalhas,
E depois vai carregar os próprios bolsos com uma pá.

Me dá, me dá...
Um milheiro de tijolos,
Uma dentadura nova,
Ou então, cinquenta contos,
Pra a gasolina eu colocar.

Me dá, me dá...
Uma dúzia de ovos,
Um revestimento novo no sofá.
Me dá um abraço forte e um aperto de mão,
Só para ganhar meu voto que te dará credencial para roubar.

Agora você me diz, seu bitolado...
Com papinho furado,
Que fulano é da paz.
Deixa de ser otário, ajudando ele,
Você será comparsa de vagabundo, mas "tudo bem"... Ele rouba mas faz.

É vai crendo nisso,
Por isso a política está este lixo.
E toda hora é safado pegando dinheiro do povo,
Dando sumiço, e aí o que te resta:
É torcer para os "Sérgios Moros" fazerem bem os seus serviços.

Já que não deu certo,
Nos quatro últimos anos,
Com eles, melhor não estamos,
Por isso, se é pra continuar de novo, arriscando.
Ao menos que a gente dê lugar para quem é novo no ramo.

Seu voto é particular,
Eu sei, mas tenha por você o mínimo de jeito.
Por que já chega,
De sustentar a corja de bandidos sem respeito,
Vai apertar o botão verde? Tá, ok! Vê se faz direito.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
25.08.2016
12:36h.


- Imagem retirada do site: http://youpix.virgula.uol.com.br/top10/os-tipos-de-aperto-de-mao/ - 25.08.2016 -

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

POESIA ou Música: Arrisque Tudo em Mim

Eu conheço bem,
Teus trejeitos e tuas manhas.
E sei como ninguém,
Que perdendo pra você, é que se ganha.

Só quem já foi buscar,
O teu olhar que mirava longe.
Sabe o valor que se dá
Ao conseguir cruzar a tua ponte.

Eu sei, que não existe amor perfeito,
Mas sei que eu me encaixo no teu jeito...
De ser, de querer,
Eu tenho muito pra te oferecer.

Eu posso dar o que você procura,
O amor que machuca, também pode ser a cura.
Vem ver, o quê...
Posso fazer, por você.

Refrão:

Arrisque tudo em mim,
Vou te ensinar
Que o fim só vai se dar,
Quando a gente quiser, vem ser minha mulher.

Arrisque tudo em mim,
Pra ver que não é brincadeira
O homem, que enfim
Vai te fazer mulher inteira.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
24.08.2016
10:15h.

- Imagem retirada do site: http://ultradownloads.com.br/papel-de-parede/Namorados-na-Praia/ - 24.08.2016 -



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

POESIA: Valores.

Qual o valor das coisas e pessoas deixadas de lado?
Não quanto custam,
Mas seu valor afetivo é do que falo.

Amigos que se deixaram,
Não por que não se suportavam,
Mas por que as circunstâncias os obrigaram.

Um brinquedo muito usado,
Que já não se brinca mais, não por que não queremos,
Mas por caridade foi doado.

Um casaco que já não me serve.
Se cresci, ou se ele já não me agrada.
Melhor que vá para quem melhor o veste.

As coisas mudam de valor, este é o intuito.
De acordo com o dono, de valor mudam.
Se a mim nada custa ao outro, talvez custe muito.

Sem falar das coisas que, preço não tem.
Por que nos faz lembrar.
Lembra-nos de momentos a sós ou com alguém.

O certo é que o valor das coisas é um,
E das pessoas é outro.
Não é bom que estes valores se troquem, de modo algum.

Valorizar algo ou alguém,
É ato de amor ou desdém?
Hoje, valorizo tudo, coisas e pessoas, as boas e as que não convém.

Valorizo, porque cada qual me ensinou.
Por isso sei que também tenho valor,
Ainda que ele mude, entre pessoas, gosto de como sou.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
22.08.2016
09:41h.


- Photo by: Silvio A. C. Francisco - Charqueada/SP - 22.03.2014 -

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

POESIA: Basta Olhar Para Dentro.

Como poderá ser diferente,
Se ainda fazemos coisas iguais?
Vem de quem deveria ser coerente,
A distorção de verdades e mentiras fatais.

Como será melhor?
Já nem mesmo nós podemos garantir.
Muita gente sentindo dó,
Mas virando as costas pra poder sorrir.

Ainda vêm gente
Dizer que se importa com o outro.
E dar tapinhas em costas doentes,
Tentando afogar o insistente choro.

Basta, olhar para dentro.
Está em nós, está em nós.
A força e a resposta,
Para a pergunta que nos dá medo.

Em meio a tantas cabeças pensantes,
Alguma sempre tem a luz.
Que resplandece por alguns instantes,
Até que algo vil, lhe seduz.

Basta olharmos em volta,
E vermos quanta gente viva.
Procurando no teto, uma porta,
Quando dentro de si é que se encontra a saída.

O mundo está cheio de exemplos.
Basta cada um escolher o certo.
Temos que fazer o momento,
Para que o momento não faça de nós um mundo deserto.

Basta, olhar para dentro.
Está em nós, está em nós.
A força e a resposta,
Para a pergunta que nos dá medo.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
19.08.2016
15:50h.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

POESIA: O Sonho Maior

Existe um sonho bem maior,
Maior que tudo que eu já quis.
E quando eu penso em vivê-lo,
Só o pensamento, já me faz feliz.

Ainda assim,
Não me deixo enganar.
Melhor do que querer...
É batalhar para realizar.

Existe um plano de insana lucidez,
Que eu deixo aflorar, por que já criou raiz.
É para saber se o que de fato quero,
Eu realmente quero, ou se é só capricho infeliz.

E tudo isso me faz pensar,
Quantas pessoas querem, por aí...
E o que querem, querem mal.
Por não saber o que é melhor pra si.

Em algum lugar, o sol já nasceu.
E nasce junto a oportunidade.
Vou batalhar pelo que é meu,
O resto, eu ganho com a humildade.

Melhor do que querer algum presente,
É saber agradecer o que em tua vida já se inclui.
Seja algo novo ou o de sempre,
Como pode querer bem, se não sabe valorizar o que já possui?

Exercer o ato de querer,
É fundamental para crescer e evoluir,
Mas a gratidão faz parte da lição,
De um aprendizado sobre possuir.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
16.08.2016
16:02h.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

POESIA: Janela Anônima

Janelas anônimas, das quais eu posso ver
Em noites avançadas e frias a luz amarela que brota de vocês.
E de tantas janelas anônimas, uma me chamou a atenção.
Uma vida, incógnita, misturada às incógnitas de uma multidão.

Por noites e noites apenas um brilho claro resplandecia,
Do seu televisor, aquecedor das minhas ideias vazias.
Eu sentia que a solidão era sua fiel companheira
E por vezes eu imaginava bater em sua porta, só de brincadeira.

Meu coração, se apertava,
Sempre que ela, no peitoril se debruçava.
A janela aberta estava, por pouco tempo a permitir.
Uma troca mais sincera de ares e olhares que me fazia até sorrir.

Mas logo ela desistia e sumia,
Deixando a janela vazia.
Com meu coração,
Eu ficava a espera da luz que viria para iluminar nossa solidão.

Assim foram dias a fio, semanas e até um mês,
Quando repentinamente as luzes daquela janela apagaram-se de vez.
Era estranho... Ainda mais triste a falta da sua tristeza.
Já não tinham mais janelas que denotassem qualquer beleza.

E aqui do lado, no apartamento ao meu colado,
Barulhos de moveis arrastando e de objetos sendo desembrulhados.
No meu prédio vai ter uma nova janela,
Para compor outra vista. Um ponto amarelado a mais nessa tela.

Quando o barulho se acalma,
Viaja minh'alma
E meus olhos procuram a janela morta.
A esperança recém alimentada é dissolvida pela batida na porta.

Desconcertado, me lembro da campainha quebrada.
Vejo pelo olho mágico a imagem longe de uma mulher plantada.
Meu coração dispara e minha mente custa a crer...
Estava à minha porta a dona da janela que jaz morta, esperando eu atender.

Quando me livro das trancas,
Finalmente abro a porta com olhar de criança.
Ela se apresenta e diz ser minha nova vizinha...
Eu me esforçava para ouvi-la, mas só pensava: "Que sorte a minha".

Precisando de ajuda, um pouco constrangida ela vem me pedir.
Eu, que sempre quis ajudá-la, sinto aquecer o peito, isso me faz sorrir.
Depois de muito fazer por ela, recebo um sorriso como forma de gratidão.
Quem diria que as luzes apagadas da janela triste, significariam carinho em meu coração.

A moça, que da janela triste me inspirou compaixão,
Agora muito mais próxima me ensina a espantar a solidão.
A antiga janela, continua inerte, ainda parecendo morta.
Porém aprendi que janelas são belas, mas mais belo é ter alguém batendo à nossa porta.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
02.08.2016
11:07h.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

POESIA: Do Medo e Das Penas. Natureza grande, para Vidas Pequenas

De arredar o pé,
Que se vê o cabra corrê,
Quando no meio da noite se escuta,
Embrenhado na mata, de dentro da gruta.

Um rugido assombroso,
Que seca a garganta dos moço.
Deixa na boca um gosto de medo,
E faz o homem mais frouxo confessar seus segredos.

De testar a fé do cristão,
Que diz ser, dos boiadeiros o mais bão.
Levantador de poeira nas patas do cavalo,
Laçador primoroso de gado.

O primeiro rugido é aviso,
O segundo costuma-se ouvir mais comprido.
Se na mão estiver a espingarda,
O distinto se prepara, se benze e se resguarda.

Se ouvisse o instinto, corria.
Mas cumprir o destino com a proteção de Virgem Maria,
É o que resta ao cuidador das cria.
Por isso, lambe os beiço e se faz de forte, enquanto se arrepia.

Do outro lado,
Natureza pura e sem pecado.
Onça parda perto do riacho
Com os filhotes, uma fêmea e outro macho.

Tão só matando a sede e querendo sossego.
Depois de engolir a água, olham para a gruta e voltam pra dentro.
A mãe onça deixa os filhotes sumirem na sombra e olha pra mim.
Sabe que sou ameaça, por isso deita na passagem, sobre o capim.

Eu não ouso olhar nos zóio dela,
Só de pensar nisso minha espinha gela.
E pra evitar confronto, saio de fininho,
Andando de frente e olhando a onça, que de longe parece só um gatinho.

Na rotina de peão,
Que guarda as cria do patrão,
Um encontro desses é morte certeira,
Mas hoje tudo foi tranquilo, quase uma brincadeira.

Que Deus nos guarde sem fim
Guarde eu e as crias das onça e guarde as onça de mim.
Mas é certo que inté outro dia nóis vai se ver,
Da até dó saber como as coisa são dura, e faz doer.

No próximo encontro entre nóis,
Provavelmente, um vai ser do outro, o algoz.
Vamos lutar cada quar com suas arma e armadura,
Sabendo que a vida, de beleza é cheia, mas também é dura.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
15.07.2016
14:14h.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

POESIA: O CAMINHO E SUAS MUDANÇAS

Acenda os faróis da sua vida,
Para que o vejam passando pela pista.

Entenda, que não se trata de uma corrida,
Mas de um passeio com diversas vistas.

Permita-se olhar para outras vidas,
Passando por você na faixa contrária da mesma pista.

O mesmo caminho que te leva embora,
Também o trará quando for a hora.

Na volta, conhecemos o caminho, isso é fato!
No entanto, quando voltarmos, podem existir novos buracos.

Não importa quantas vezes vamos e voltamos,
Sempre haverá alguma diferença na estrada que andamos.

Cabe a nós andarmos lentos,
E apreciarmos as diferenças adquiridas pela rota, com o passar do tempo.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
11.07.2016
10:06h.

- Photo By: Daniela B. Francisco (Minha esposa) - Poços de Caldas / MG - Janeiro / 2012. -


terça-feira, 28 de junho de 2016

POESIA: Ontem, Hoje e Amanhã

Há verdades como:
Seu ontem, doutrina,
Seu hoje, confirma
E seu amanhã, instiga.

Mas também é verdade, que...
O seu ontem, instiga,
O seu hoje, doutrina
E seu amanhã, confirma.

Assim como são verídicos os fatos:
O seu ontem, confirma,
Seu hoje, instiga
E seu amanhã, bem ele ei de te doutrinar.

O irreversível é que, sempre haverão:
Ensinamentos,
Confirmações e curiosidades sobre seus dias...
Sobre eles todos ou apenas deles, uma parte.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
28.06.2016
13:12h.

segunda-feira, 13 de junho de 2016

POESIA: Amor Casado, Amor de Namorados.

Tenho um amor por ela, guardado.
Encontra-se selado
No meu coração.

Ela tem o meu respeito
E com seu doce jeito,
Ganhou minha admiração.

Falar de um amor assim, tão belo,
De delicadeza e gestos singelos
Me deixa sempre feliz.

Encho a boca para falar dela,
Admirável Daniela,
Minha fonte altriz.

Mais que esposa ou namorada,
Companheira das jornadas
Andamos lado a lado.

E a regra de um amor duradouro
É saber, que respeito vale ouro,
É cola que mantém corações colados.

Que Deus nos abençoe,
Seus anjos, cantos entoem,
Ao seu lado.

De tudo, que hoje a gente tem,
Nosso filho é nosso maior bem.
Por ele afirmo, serei sempre seu namorado.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
11.06.2016
09:54h.

- Photo by: Silvio A. C. Francisco - Charqueada / SP - Setembro 2015 -



quarta-feira, 8 de junho de 2016

POESIA: Solução Para dor no Coração.

Não sei o que te atormenta,
Seja o que for, parece que a mente já rejeita.

Não sei o que te entristece,
Seja o que for, por ti farei uma prece.

Para dores no peito contida,
Há sempre uma felicidade de contrapartida.

Ainda que tudo pareça sem solução,
Acredite, sempre vai ter um remédio para seu coração.

Eu mesmo já passei por dor arredia
E encontrei minha CURA na ARTETERAPIA.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
08.06.2016
09:17h.


- Imagem retirada do site: http://www.projetoartedeviver.com.br/arteterapia.php -

terça-feira, 7 de junho de 2016

POESIA: Menino Cavaleiro

Aqui perto tem um menino,
Esperto e muito ladino,
Que tem um pai porreta que atende pela alcunha de Nino.

Ele, o menino
Gosta de montar cavalo e égua,
Fazer isso é seu destino... Pois cavalgaria horas a fio, muitas léguas.

Sei que se um dia ele for outra coisa,
Que não seja um cavaleiro,
No seu coração, égua e cavalo sempre virão primeiro.

Aqui perto tem um menino,
De olhos claros e atentos,
Coração puro e de carinho fácil que eterniza os momentos.

Lá no piquete do Cardoso,
Corre cavalo faceiro e outro charmoso.
Aos olhos brilhantes do menino, que observa garboso.

O tempo, invencível sob o nobre paladino
Transformará em homem, quem hoje é menino.
Mas na mente cavalos e éguas estarão contidos.

Sempre serão importantes:
Ballalaica, Playboy e Aladin,
Eternos para o menino Dudú, companheiros de alegria sem fim.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
07.06.2016
17:34h.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

POESIA: O Que Há de Errado?

Mas o que há de errado?
O que há de errado com o saber?
O que há de errado com o ter?
O que há de errado com o querer?

Sabendo, que saber o todo é lúdico...
Diz-se então saber muito para um público,
Onde tudo que sabes na verdade mais da metade é fútil,
Porém ostentas com segurança tênue a mentira com olhar búdico.

E o que tens, tens demais.
Tens além do que te daria paz.
Tens o que merece, mas quer mais...
E quando não tens ainda mais, entristece por demais.

Aí quer por querer, ainda que de vontade vil.
Sentindo a dor da perda do que nunca possuiu,
Fica a delirar, nutrindo desejos podres na mente covil.
Adoece corpo e alma, tanto, que deixa ambos febril.

Gasta-se tempo com o que te adoece,
Não tem coragem nem humildade de dobrar os joelhos para uma prece.
Ouve os gritos do subconsciente e os ignora, logo padece.
Não pensa e nem muda por que dá trabalho, daí se aborrece.

Volta para os erros de enganar-se sobre o saber,
Agarra-se aos enganos do estranho querer sem dever,
Vai buscar e ter o que não te preenche a alma, o famoso ter por ter.
No fim será só o fim... Com um vasto vazio entre o que você se tornou e o que de fato deveria ser.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
06.06.2016
09:33h.

- Photo By: Silvio A. C. Francisco - Fonte dos Namorados - Poços de Caldas - MG - Jan/2012 -



sábado, 28 de maio de 2016

POESIA: Algo Maior

Eu conheço sua dor
E o quanto está assustada,
Por isso me dê sua mão
E deixe-me levá-la.

Eu prometo que mal nenhum
Vai te superar.
Sobre o mar que você nada hoje
Eu aprendi a caminhar.

Mas isso não é possível só,
Existe dentro de nós algo maior...

Sei que está assustada,
E que parece não haver sentido
Não tenha medo de nada,
Estamos aqui, pra caminhar contigo.

A vida me ensinou um segredo:
Está em nossas mãos o poder,
Escolhemos dentro de nós,
O que vive, e o que deve morrer.

Mas isso não é possível só,
Existe dentro de nós algo maior...

Nas trevas que habitas,
Existem coisas que brilham,
E alguns lampejos,
Mostrarão pontos que cintilam.

Serei eu acendendo
As velas em seu coração
E surgirá um caminho,
Que te levará longe da escuridão.

Mas isso não é possível só,
Existe dentro de nós algo maior...

O medo já tomou conta,
Sim, eu sei.
Mas ainda assim, levantaste.
És nossa princesa, mas tens força de rei.

Mesmo quando sentir-se cansada
E tremerem, suas pernas
Darte-ei força infinita.
Para caminhar sobre as pedras

Atente-se ao que digo
Tudo isso não é possível só,
Tenha fé e acredite,
Existe dentro de nós algo maior.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
28.05.2016
10:23h.




terça-feira, 24 de maio de 2016

POESIA: Saudação, Flor Negra!

Bom dia às flores negras,
Que enobrecem a rotina
Dos dias de alma robusta.
Dia bom que nos regozija
Ou dia penoso, que até nos assusta.

Bom dia Flor Negra,
Vencedora por sua destreza,
Que provas ter atitude astuta
E sempre que preciso,
Ainda que tenhas medo, não se resguarda da luta.

Bom dia Flor Rara,
Que da vida não esconde nada,
Nem mesmo vira a cara,
E com isso provas ser forte,
Até para saber quando derramar uma lágrima.

Bom dia Flor Cativante...
Rompedora das pesadas rotinas.
És flor enebriante só por tua beleza,
Imagina, então...
Para quem pôde provar da força de tuas certezas.

Silvio A. C. Francisco
Ipeúna / SP
24.05.2016
10:48h

- Photo by: Marc - http://www.jardineiro.net/14-belas-flores-negras.html - Malva-rosa Nigra “The Watchman”

sábado, 7 de maio de 2016

POESIA: Amor Secreto, Dolorosa Delícia.

Longe ou perto,
Sempre será.
Um amor secreto,
Que vai me testar.

De longe, tem a beleza
Das lanternas de papel lançadas no ar.
De perto expõe a frieza,
Que congela e me faz delirar.

Estranho devaneio,
Mostra-se pela metade,
Ainda que se saiba ser inteiro...
Extravagante malícia, doce mentira que camufla a verdade.

Quão certa é sua mira?
Escolhe um alvo,
Erra quando atira...
Deixa a vítima viva para que pense estar a salvo.

Curte o pânico e me devora,
Coloca-me febril...
Por dentro e por fora,
Sabendo que serei mais delicioso e marcante como caril.

Ainda assim, o medo que me causa,
É pouco na alma,
Que pondera, mas não dá pausa,
Por isso incendeia e rouba-me a calma.

Bom que seja assim,
Esta dolorosa delícia,
Evidencia sempre não ter fim,
E num olhar direto, atiça em mim a malícia.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
07.05.2016
21:10h.


Photo by: Silvio A. C. Francisco - Charqueada / SP - Chácara Agostini - 08.07.2015

quarta-feira, 27 de abril de 2016

POESIA: O Valioso Saber

É valioso o saber,
Do quanto nossas ações interferem o próximo.
É valioso saber,
Que meditar sobre nossos atos pode nos dar poder.

Valioso saber,
Como é bom lhe ter.
Valioso é saber,
Mas se nada fizer com a sabedoria, melhor nem ter.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
27.04.2016
09:47h.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

POESIA: Da Porta

Olhando da porta, eu vejo o vai vem...
De gente apressada que até se inclina,
Para cumprir a rotina,
Que lhe convém.

Olhando da porta, aprecio o desfile...
De mulheres que insistem
Em mostrar o que tem.
Assim desafiam o viés, que tenta ser um limite.

Olhando da porta, inclino a cabeça...
Fico com a visão torta,
Para entender como gente que não se suporta,
Quando se encontra, se abraça e se beija.

Olhando da porta, vejo gente que se deseja,
Mesmo não podendo se ter.
Com os olhos de fome se comem se beijam,
Mas voltam cada qual para sua casa, onde insatisfeitos, praguejam.

Olhando da porta, mesmo quando nada me interessa,
Fico imaginando como seria,
Se de repente, alguém que muito me importa,
Entrasse sorrindo, me divertindo e me abraçasse sem pressa.

Olhando da porta fico, mas não o dia todo.
Tem momentos que me atenho
E sempre me convenço
De que o que tem lá fora é um ponto ínfimo de um todo.

Olhando da porta, Ainda que não seja de minha total compreensão,
Quase tudo que vejo me conforta,
O que ocorre da porta pra dentro ou pra fora,
Trata-se do mundo avançando sua rota, onde automáticos, seguimos buscando ascensão.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
14.04.2016
10:01h.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

POESIA: Agrade e Abrace

Agrade, pois separando um homem do outro há grades,
Que podem ser ultrapassadas por gestos singelos, tornando inteiro o que está pela metade.

Abraço, para unir, seus e do outro, os pedaços... Para isso há braços,
Que abertos são convites irresistíveis, prontos para dobrarem e entrelaçarem como laços.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
13.04.2016
10:31h.

terça-feira, 12 de abril de 2016

POESIA: Mais Olhar da Alma, Menos Olhar do Preconceito.

Ao passo que olhamos para o próximo,
Mais especificamente o desconhecido.
O que nos preenche os olhos?
A aparência, superfície e o que está vestindo?

Creio que é assim,
Nosso sentido visual, sempre forte e imediato.
Então o que somos e temos dentro de nós,
Formula tudo, fulminante, em um único ato.

O preconceito é isso.
Age com a ajuda do que aprendemos, ouvimos,
Age com a aspereza e a fortificada ideia,
De que nossa verdade é a do mundo e não a que construímos.

Há tanto por aprender sobre nós mesmos...
Tanto por aprender sobre quem somos.
Por que somos?
Tanto que não deveríamos criar conceitos prévios que dão nojo.

Vendo um homem na rua,
Barba por fazer, cabelo por cortar, banho para tomar...
Vejo mais do que isso... Como fui fútil por tempos.
Havia eu, somente agora, ser capaz da verdade enxergar?

O homem mencionado, tem muito mais por fazer.
Tanto, que primeiro há de se fazer por ele, muito.
Antes até que ele mesmo o faça.
Há de ser visto nele a alma, ainda que borrada, rompendo o infortúnio.

A mim o homem chamou,
Estendeu a mão que em gesto já pedia,
O que mais tarde sua boca cansada,
Em palavras imprecisas, pediria.

"Dá me algo,
Dá me de comer?
Então, da minh'alma darei te um poder.
Verás que se me der, irá receber."

Quem já doou ao próximo,
Não aquele que nos convém,
Ao contrário disso!
Quem já deu ao que nos causa repulsa e denota desdém.

Este que doou, assim como quem ganhou,
Ganhará também! É uma troca...
Praticar a caridade é ato, que se contínuo,
Trará aprendizagem, capaz de arrancar sua mente da toca.

Que eu evolua,
Que para meus olhos, todas as pessoas sejam dignas da minha caridade.
Seja assim, para que em tudo estabeleça-se o equilíbrio.
Assim seja, para que a bondade realmente supere a maldade.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
12.04.2016
11:20h.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

POESIA: Equilíbrio do Palhaço... Amarrado na Família Por Um Singelo Laço.

Carregou consigo uma nobreza atrelada a simplicidade,
Ainda que nem sempre a demonstrasse,
Todos reconheciam nele a presença do contraste.

Mesmo quando a tristeza, insistente companheira,
Ocupava seu espaço e papel, potente e derradeiro...
Divertia a si e aos outros com juvenis brincadeiras.

Tinha conhecimento de que já cabia em si um novo sentimento,
Num espaço a ser preenchido, tratou de colocar esperança solar.
Esta, desejou, logo daria lugar a algo bom, trazido pelo vento de algum lugar.

Brincou olhando no espelho,
Seu reflexo ostentava um sorriso bobo com sutil safadeza.
Lembrava da plateia que sorria de suas brincadeiras.

A pasta branca que cobria a pele envelhecida,
Escondia tudo aquilo que não deveria aparecer.
Era como se a velhice não conseguisse o envelhecer.

Depois, o entorno dos olhos ganhavam cores vivas.
A boca ganhava contorno vermelho, acentuando a alegria.
Uma peruca colorida escondendo a calvície dava-lhe harmonia.

Num dia qualquer de espetáculo,
Tudo aconteceu como o esperado
Despediu-se curvando e reverenciando a plateia, já aliviado.

Olhou para um garotinho que sorria e saltitava.
Era mais efusivo que os demais que ali estavam.
Como estava próximo, piscou para o menino... Era o que faltava.

Num súbito movimento o garoto pulou para dentro do picadeiro.
Abraçou o velho palhaço que retribuiu o carinho,
Carregando o menino todo faceiro.

Deixaram o picadeiro juntos, aplaudidos pela multidão,
Atrás, na coxia um homem de olhos lacrimejados os esperava.
Quando o palhaço o viu sentiu percorrer pelo o corpo um grande calafrio.

"- Pai este é seu neto!"
Disse o homem apontando para o menino inquieto.
O velho palhaço abraçou e carregou o menino esperto.

Não há mágoa que não possa ser dissolvida, transformando-se em esperança.
Não há dores que diluídas não possam ser superadas com confiança.
O palhaço já sabia disso, mas quem aprendeu sobre perdão, foi a pequena criança.

Um pai e um filho que há muito não se falavam,
Engoliram as diferenças e as rusgas que trocaram.
Um ser pequeno no tamanho, mas gigante na nobreza, extinguiu a tristeza.

No fim, o palhaço, pai e agora avô, estava certo
Sobre o espaço para o novo sentimento.
Havia um lugar em seu peito aguardando ser preenchido a qualquer momento.

Tudo em si estava repleto.
O velho palhaço sentia-se completo.
O espaço que tinhas para um novo sentimento, fora preenchido pelo amor de neto.

Além de tudo, o menino restaurou o equilíbrio familiar.
O elo rompido veio a se restaurar.
Hoje o palhaço faz sorrir, mas também permite se alegrar.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
11.04.2016.
09:51h.

quinta-feira, 3 de março de 2016

POESIA: As Diferenças.

Há pessoas diferentes,
Que divergem em gostos,
Divergem nos rostos
E carregam opiniões distintas.

Há umas parecidas com as outras,
Aproximando-se pelas afinidades,
Sejam elas bondosas ou de maldade,
Mas o contrário também é verdade.

Há alguma solidez ao pensar que:
De fato alguns opostos se atraem,
Enquanto uns ou outros se distraem.
Muitos se atentam que a diferença é importante.

Se toda força fosse parelha,
Toda inteligência fosse igual,
Toda certeza fosse igual,
Estaríamos todos fadados a involução.

Sempre haverá uma verdade
Aguardando ser desmentida,
Deixando gente dolorida,
Pensativa e chorosa perdendo o chão.

Sempre haverá algo construído,
Aguardando a ruína,
Avassaladora e precisa,
Que permitirá uma fortalecedora reconstrução.

Seguir o que não se conhece é um risco.
Negar a diferença é sinal de estagnação.
Estagnar-se, talvez seja pior que correr na contra mão.
Observar a diferença ainda é uma boa forma de aprendizagem.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
03.03.2016
12:17h.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

POESIA: Intolerância Religiosa.

O que escrever, quando a intolerância em sua porta bater?
Eu preferia pensar em outras coisas mais construtivas,
Mas vou ter de abordar este assunto,
Graças às pessoas opressivas.

Então vamos lá...
Meditei, e pensei, ponderei para encontrar uma fórmula
De explicar de uma vez
A intolerância e o preconceito, que tanto me incomoda.

Vou pedir licença para usar os Dez Mandamentos Sagrados,
E tentar fazer com que entendam de vez, os alienados,
Que a paz e o amor é a única saída,
Para termos e sermos humanos melhores na vida.

Tanta gente cansada de saber que nenhuma placa entrará no céu,
Ainda assim continuam proferindo palavras de insultos,
Uns contra os outros, carregados de hipocrisia,
Afirmam que a sua religião é a única fiel.

Mas deixa de papo torto
E vamos endireitar de vez a conversa
Preste atenção que vai dar trabalho pra dizer tudo em rima...
Segue as Dez Leis que Deus passou para fazermos a coisa certa.

"Amarás ao teu Deus sobre todas as coisas" foi dito.
Então não venha com bobagem,
Pois somente temendo a Ele é que você entenderá de vez,
Que não pode haver outro, do contrário é só um mito!

"Não tomarás seu Santo nome em vão".
Veja que é tudo bem claro para que você entenda,
Por isso não jure em nome Dele,
Seja em céu aberto ou coberto por uma tenda.

"Guarde domingos e festas de guarda".
Vá adorar e orar a Deus que certamente,
Estando você com saúde ou doente,
Serás abençoado e sua vida de glórias ficará farta e andará pra frente.

"Honrar pai e mãe".
Preste atenção, não seja bobo,
O que se prega aqui é o respeito e a obediência,
Mas se os pais estiverem errados, sempre resolva no diálogo e coerência...

"Não matar".
A vida é uma dádiva,
Um presente do Altíssimo, nosso Senhor.
Se Ele nos deu, só Ele pode tirar. Não faça do simples, um terror.

"Não pecar contra a castidade".
Eu sei, nos dias de hoje as armadilhas são infinitas,
Ao invés de apontar o dedo para os outros, 
Vigie bem a libertinagem que pode estar em sua própria vida.

"Não Roubar".
Aqui em nosso país,
Um mandamento pertinente,
Já que esta é uma prática desde o mais simples até o presidente.

"Não levantar falso testemunho".
É engraçado, um falando do outro...
E para agravar as coisas tem gente que aumenta e mente,
Como se denegrir o próximo fosse algo que qualificasse a gente.

"Não desejar a mulher do próximo".
Um mandamento aos homens, mas que serve a mulher.
Qualquer um dos dois tem que saber,
O que se faz na mente pode virar algo contra você.

"Não cobiçar as coisas alheias".
Desejar o que o outro tem, parece que lhe convém,
Mas melhor seria
Se você aprendesse, que muito do que é do outro na sua vida jamais cabeira.

E aí estão Dez leis de Deus,
Serve para mim,
Para você
E para os filhos seus.

Mas veja bem que nenhuma mencionou religião,
E cada qual tem seus costumes,
Cabe a nós respeitar
E deixar a Deus que nos julgue.

Repare que todo mandamento
Direciona para uma coisa só.
Se você amar o próximo,
Em sua cabeça não haverá nó.

O julgamento é tentador,
E caímos sempre nesta armadilha.
Porém definitivamente,
Só Deus vai poder julgar com o peso certo, seus filhos e filhas.

Partindo disto, vamos ter mais atenção.
Seja dizendo com a boca ou
De forma escrita com letras garrafais,
Seja falando cara a cara ou pelas redes sociais.

Se eu não fizer para o outro o que não quero para mim,
Já será um ato de amor,
Gerador de uma corrente de benefícios
Que vai me atingir e nunca terá fim.

Por isso pense, repense e medite bem,
Para amanhã não ser ferido pelo que tens proferido.
E de suas próprias palavras,
Não virar refém.

A intolerância é fruto da ignorância,
Mesmo se você for ateu, faça o bem,
Para que tenha relevância a sua existência
E haja coerência nas escolhas do que te convém.

Aproveito e faço aqui minha confissão,
Eu erro muito, todos os dias, e por isso,
Aos que sofreram com meus erros, peço perdão, mas melhor do que isso,
Faço o compromisso de apontar menos os dedos e estender mais a mão.

No final de tudo, se houver um julgamento,
Deus que é justo,
Fará a seu contento a justiça,
Pesando o que você fez de bem para o outro em sua vida.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
29.02.2016
16:26h.


domingo, 28 de fevereiro de 2016

POESIA: Uma Vida Carregando Outra.

O que há de especial é a vida,
Que especial como todas,
É celebrada ainda dentro de uma barriga.

O que há de amor,
Também há de expectativa.
Que aumenta com a espera, que muitas vezes parece infinita.

Dentre as sensações a sensação,
Quem diria que levar chutes,
Estranhamente seria tão bom.

Quem diria que olhos lacrimejariam,
Ao simples ouvir de um barulho,
Que de tão alto e intenso dá orgulho... O acelerado coração!

Uma vida carregando outra,
Simbologia de ser mãe e sua importância.
Que carrega mais que um filho, leva consigo o relevante da relevância.

E toda a magia da gestação é só um começo,
Muitas alegrias ainda virão,
E cada uma é tão valiosa que nunca terá um preço.

Vai mulher, vai ser o que tens pra ser,
Vai ser a cuidadosa cuidadora,
Que além de ensinar e proteger, vai novas coisas aprender.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
28.02.2016
14:22h.


- Photo by: Daniela B. Francisco - Charqueada / SP - 28.02.216 - Aline e o Heitor - 

- Photo by: Daniela B. Francisco - Charqueada / SP - 28.02.216 - Aline e o Heitor - 


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

POESIA: O Varal sob o Céu Negro e Estrelado.

Deitei em um colchão,
Jogado no quintal.
Acima de minha cabeça
Passavam pendurados,
Alguns poucos fios, que improvisados,
Cumpriam a missão de varal.

Já era tarde,
Passadas as horas da noite,
Começavam as horas da madrugada.
Em um céu enegrecido,
Forrado de pontos luminosos,
Minha mente efervescida se acalmava.

Não há como ficar ileso,
Sempre que se aprecia o céu noturno,
Cravejado das brilhantes estrelas.
Sua mente vai pensar no infinito,
Nas forças Divinas, nas existências...
Vai pensar em muito, vai ponderar sobre verdades e mitos.

Pendurei a primeira peça no varal...
Ainda deitado,
Sem ao menos esticar os braços.
Pendurei só para apreciar o seu balançar,
Mas não tinha vento...
Meu primeiro pensamento, suspenso sem tremular.

O objeto estrela, que fica lá,
Sem expectativas, cumprindo seu papel no todo.
A mercê da força gravitacional,
Faz giros entre giros em um eixo principal.
Quantas estrelas permeiam nosso meio?
Nosso meio espacial, nosso meio... Social.

Será que as estrelas sentem-se como o sol do próximo?
Como corpos inexpressivos?
Ou apenas vivenciam os empurrões e puxões, oriundos da força gravitacional?
Se chocam umas com as outras, isto é certo.
Com suas camadas superficiais rochosas, marcam e são marcadas.
Expostas camadas, protegem seu núcleo frágil, de fina taça de cristal.

Estendi mais uma peça..
Como era vasto o varal!
Não terei tanto para preencher o espaço.
Vou fazer o que posso... Isso, aliás eu já faço.
Preencho meus dias vazios com coisas vazias,
Adornadas com laços.

Será que um dia serei a estrela que desejo?
Muito embora, sei que já tenho o brilho que me é justo,
Por isso não adianta brigar com o mundo...
Mas vou gritar, de qualquer forma, gritarei,
Ainda que me doa e doa a quem ouvir.
Vou estender no varal do quintal, tudo que me convir.

E para que não pareça tudo sempre inerte...
Ao menos que venha uma brisa, um sopro,
Mas melhor será se for uma ventania,
Com sua força balançando as peças,
Levando consigo as preces e boas ideias.
Inspirando pessoas, todos os dias.

Silvio A. C. Francisco.
Charqueada / SP
22.02.2016
16:17h

- Photo by: Silvio A. C. Francisco - Charqueada / SP - 08.09.2013 -


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

POESIA: Conselhos Para os Outros e Lembrete para Nós.

Crer em si próprio,
Duvidar do óbvio,
Nos momentos certos,
Manter-se sóbrio.

Amar a vida e suas viradas,
Não esconder gargalhadas,
Não esquecer nunca,
De sempre beijar as pessoas amadas.

Preferir a bondade,
Praticar a caridade,
Buscar em você e nas coisas simples,
A felicidade.

Celebrar os amigos,
Superar dificuldades e perigos,
Ainda que seja difícil,
Buscar esperança enquanto estiver no mundo dos vivos.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
15.02.2016
12:37h.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

POESIA: Uma Vida Inteira Fugindo para Encontrar Tudo lá na Frente.

Quando você me disse,
Que o amor é uma crendice.
Um sentimento inventado,
Um produto comprado, uma ideia que surgiu.

Concordei com você, eramos jovens.
Experimentávamos de tudo e nada era suficiente.
As vezes havia frieza em beijos de língua,
Enquanto abraços e olhares eram ardentes.

Combinamos que o amor era um clichê...
E que clichês cabem melhor em nossos avós.
Amarramos um ao outro à nova abstração,
Daí por diante fizemos tudo juntos desatando alguns nós.

Juntamos o que tínhamos,
Não deu quase nada, mesmo assim vendemos.
Lembro dos olhos daquele cara, que comprou tudo.
Para nós eram àquela altura, apenas coisas juntadas.

Apertamos a mão do homem que comprava...
E quando nos viramos ele ainda falava do clima. Logo choveria,
Estava calor, mas nada que caísse sobre a gente nos deteria.
O amor é um escudo estranho, que fortifica ou esmaece a cada dia.

Olhamos para o homem,
E quando demos-lhe as costas, rimos em meio aos entreolhares.
Fizemos juízo de quem cria no amor, aquela invenção.
Seguimos nosso caminho, que certamente nos faria cruzar os mares.

Duas passagens de avião,
Para comer? Leite com café e pão na chapa.
Você, desapegada e no saguão do aeroporto, deitada no chão...
A cabeça repousada sobre a mala de mão.

Eu em pé olhando para a fila e vendo outras malas despachadas.
Depois de pouco tempo já estávamos no avião.
Sentados, ladeados nossos peitos arfavam cheios de emoção.
Quem nunca tivera antes viajado tão longe, agora veria do céu o que é imensidão.

Muitas horas, escalas e novo vôo,
Velho continente, ainda que preso ao aeroporto,
Escondia eu, o entusiasmo, enquanto você transbordava euforia.
Observei a felicidade verdadeira enquanto sorria.

Quando finalmente chegamos e os pés naquele chão botamos,
Suspiramos... Um misto de alegria e medo,
O que era nosso, cabia em uma mala de mão e numa outra um pouco maior.
Seguramos na mão um do outro e entrelaçamos os dedos.

Eu não sabia todos os seus segredos,
Nem você sabia os meus.
Caminhamos à procura de uma pousada,
Confiando, eu na sorte, você na bondade de Deus.

Achamos um lugar,
Nem de longe era um quarto de hotel cinco estrelas,
Mas tudo era novidade.
A grande janela do quarto já valia a pena.

A noite vencida pelo dia que nascia promissor
Ficou na minha lembrança.
Nossos instintos aguçados, permitiu a nós brincar...
Brincadeira que não cabe a crianças.

Tomamos o desjejum,
Precisava por os pés no chão. tentava tomar jeito...
Você não tomava de jeito algum.
Olhamos para a rua, desejando aventuras.

Saímos andando sem rumo,
Volta e meia eu a surpreendia com um beijo.
Até que em um lance inesperado,
Você me deixou sem jeito.

Tirou do bolso da calça jeans surrada,
Trocados, umas migalhas.
Comprou meia duzia de flores,
E as deu para mim, às risadas.

Inverteu a ordem,
Rompeu outro clichê.
Deu a mim belas flores,
Quando o normal seria eu dá-las a você.

Naquele instante,
Fizemos uma promessa,
Nos casaríamos,
Ficaríamos juntos, mas sem pressa.

Prometemos outras coisas mais,
Novamente evitar os clichês.
Você prometeu fidelidade a mim...
Eu, claro... Prometi corresponder.

Daí por diante,
Trabalhamos bastante...
Eu, fui vendedor e poeta,
Você, minha bela, professora e melhor amante.

O tempo passou... passou e passou bastante.
Conquistamos coisas inimagináveis,
Umas de amor eterno e imóvel,
Outras de amor inquieto e itinerante.

Como nós,
Que depois de muito, desejamos um clichê.
Voltar às nossas origens.
E ter um bebê.

Assim se deu mais uma etapa da vida.
Curamos algumas feridas e nos pusemos a sorrir.
Tudo para conseguirmos voltar.
Chegamos em nossa terra, prontos para um novo existir.

Logo você estava grávida,
Eu dei-te uma flor a cada mês da gestação.
Ganhava de volta um belo sorriso...
E as vezes um beijo em uma das mãos.

O tempo passou rápido,
Ainda assim,
Tudo aconteceu de uma forma que jamais vou esquecer.
Você que já havia me dado tanto, agora me dava um bebê.

Vivemos todos os medos,
Descobrimos segredos importantes.
Almejamos lidar com nosso filho de um jeito,
Mas a realidade nos fez viver algumas surpresas boas e outras maçantes.

E daí os clichês,
Tão temidos, por nós dilacerados e subvertidos.
Explodiram diante de nós.
E aprendemos a levantar e sacudir o pó.

Tudo isso nos fez pensar,
Meditar e refletir.
Achamos que vivíamos longe das fórmulas repetidas,
Mas de fato o que fizemos, foi disfarçar os clichês da vida.

Hoje, aposentados,
Mas ainda trabalhando... Este é o presente.
Ouvimos uns chorinhos, que nos levam aos prantos.
Há três "clichêsinhos", que nos deixam contentes.

Somos o clichê,
A repetição toma conta de nós.
Vivemos no clichê, distorcendo regras de pais e mães.
Isso por que vivemos tudo bem vivido antes, para hoje sermos avós.

E a vida é isso.Todas estas coisas,
É o que a vida tem a oferecer.
Você pode até viver algo novo e diferente, mas não vai se ver livre de vez ou outra,
Lançar mão de algo que alguém julga démodé.

O amor?
Como acabei de dizer...
Ele é dentre todas as repetições humanas, a mais bela.
Felizmente, o melhor dos clichês.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
29.01.2016
18:22h.


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

POESIA: Despejar Coisa Boa em Caçamba de Entulho

Vou carregar no drama,
Tecer perfeita trama,
Enquanto um personagem ama
Outro, às vezes, apenas por diversão deita-se na cama.

Vou fazer barulho,
Correr o risco de despejar coisa boa em caçamba de entulho,
Quem dá o presente, demonstra o que sente,
Por que sabe o que há no embrulho.

Vou esperar com olhar seletivo, atento a suas ações...
Repousado sobre você, os olhos que captam reações.
Verei sua manifestação de alegria, fácil de notar.
Pensarei se foi mesmo verdade ou se fez tudo só para disfarçar.

Se acertei no presente,
Completo será seu deleite.
Do contrário, será mais um objeto esquecido,
Junto a outros deixados quase escondidos, no fundo de um armário.

E assim as expectativas vão se criando,
O relacionamento segue caminhando,
Ainda que um arraste o outro por longo trecho,
Para após um tempo sentir-se cansado o suficiente e realizar um desfecho.

Um pode ter divertido-se mais que outro,
O que não pode é nenhum dos dois terem se divertido ao menos um pouco.
Se não era verdade a reciprocidade,
Ainda que doloroso, melhor mesmo é que acabe.

E no fim, a coisa toda é assim!
Não é bom para mim, então ao menos, que a caçamba de entulho fique exposta.
Em algum outro dia, sentirei um calafrio e acordarei com alguém erguendo a caçamba...
E fazendo barulho, vai levar consigo, aquilo que iniciará outra trama.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
26.01.2016
13:04h

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

POESIA: O Homem e Sua Necessidade de Comparar.

O homem e sua necessidade de comparar.
Compara seus atributos com o de outro.
Comparar é medir. E quem pensa que só mede o próximo,
Também faz comparação de si.

Comparemos eu por você, você por mim.
Comparação injusta é a que entre os comparados,
Existe um abismo quase sem fim.
Mas numa justa de incomparáveis, há sempre surpresa que pode surgir.

Me parece que para todo Golias,
Existe sempre um Davi.
Existe em volta deles os comparadores,
Sendo induzidos a crer, pelas aparências, que gigantes não podem cair.

Compare o vento com a água...
Em nada tem de se comparar, pode supor.
Ambos fluem por onde há menos resistência,
Assim como a eletricidade e o calor.

Caminhe pelas ruas de sua cidade,
Comparando as casas novas com as de mais idade.
Quanta história pode haver em um só casebre?
Tanta, que muitas vezes em mansões não se cabe.

E a comparação da felicidade?
Há quem compare a sua com a de outro...
E defina por desconhecimento de si,
Que sua felicidade só veio pela metade e por isso se priva de sorrir.

Comparação de habilidades também permeiam o mundo,
Colocar habilidades lado a lado,
Divide opiniões sobre quem fica em primeiro e quem fica em segundo.
Aos comparadores afeiçoados, seria bom se fossem por vezes comparados.

Livrar-se de comparações?
Acredito que não... Comparar é ferramenta de afirmação...
Também é de autoafirmação.
Comparador ou comparado, o importante é respeitar o pensamento chamado: opinião.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
25.01.2016
13:27h.
Photo by: Silvio A. C. Francisco
Parque Maria Angélica - São Pedro - SP - 03.12.2015

domingo, 17 de janeiro de 2016

POESIA: Divindade, melhor ter? Ou melhor não?

Uma certa inquietação,
Coisa boa ou não,
Sei que por vezes tentaram entender,
Mas esta coisa estranha não se permite facilmente esclarecer.

Quem focou um pouco em um pensamento...
Um tabu, um ato inaceitável.
Uma espécie de: "Vá tomar no cú",
Em um covil de gente "estável".

Foi tido como indelicado, atrevido e ousado...
Aquele que duvida do que a maioria acredita,
É o que aposta no sucesso do improvável,
Enquanto a maioria esperneia e grita.

Uns poucos desordeiros,
Causam desordem ao mundo moldado.
É como num quadro pintado e tomado pelo comum,
Ser a parte que rompe a moldura e vai encontrar a tela ao lado.

Se é para ter um deus e ser ignorante,
Que não haja meu deus ou o seu, sequer por um instante.
Não haja placa de templo querendo ser a que convém.
Que as crenças, sejam acima de tudo, em fazer sempre o bem.

Se for para ter divindade ou divindades,
E não compreender os ensinamentos de amor.
Melhor cada um por si,
Já que a diferença do outro só traz rancor.

Se for para escolher em quem ou em quê acreditar,
Acredite na bondade, paciência e no perdão.
Acredite na caridade e também na gratidão.
Creia que doar é melhor que levar vantagem, estenda a mão.

No final, existindo a divindade ou não,
Seus atos, é que por ti falarão.
Se tiveres mesmo uma alma, um julgamento e uma pena,
Sendo bom, não haverá deus algum que o condene com injusta sentença.

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
17.01.2016
20:39h.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

POESIA: Colecionador de Boas Risadas

Vi sorrisos que mostram os dentes,
Deixando os contadores de piadas contentes,
Que iluminados cintilam,
Como frisos cromados que brilham.

Presenciei sorrisos amarelos,
Com gargalhadas forçadas batendo como martelos,
Que não empolgavam em nada,
Quebrando o sentido da risada.

Tem gargalhada marcante,
Rompedora de silêncio, vinda de forma arrogante,
Mas também tem as que marcam os leves sorridentes,
Garantindo a eles a alcunha de contentes.

Estes últimos são donos da alegria...
Sentimento nobre que contagia.
Ao lado dos alegres sentimos o dia completo,
Como se abastecessem nosso tanque/coração que transborda repleto.

Mesmo que sejam tempos de derrotas,
Insistentes em fazer as risadas nos dar as costas...
Sabemos que um sorriso sincero já deixa o dia ganho,
Sentimento ruim é fácil de ser encoberto pelo sorriso que tem o dobro de seu tamanho.

Que a graça nos venha gratuita e generosa.
E não arranque risinhos, mas risadas grandiosas.
Façamos rir ou ao menos que alguém nos faça...
Sejamos todos colecionadores de boas risadas.

Fica aqui uma prece valiosa,
Ao menos uma vez ao dia, que a risada seja nossa.
Fruto de coisa boa, não sendo forçada,
Mas sincera gostosa e rasgada... A boa e velha gargalhada!

Silvio A. C. Francisco
Charqueada / SP
06.01.2016
10:52h.
Photo by Silvio A. C. Francisco - Piracicaba / SP - 05.08.2015 -
Este bebê arranca dos adultos boas risadas.